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Agronegócios
Quinta - 29 de Agosto de 2013 às 22:18

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O setor avícola nacional exportou 3,918 milhões de toneladas no ano passado, enquanto em 2010 o volume embarcado foi de pouco mais de 1 milhão de toneladas. Na comparação com 2004, a perda de participação brasileira no ano passado foi de cinco pontos percentuais.

A redução de participação vem ocorrendo desde meados da década passada. De acordo com estudo da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), a participação do Brasil no mercado global entre 2009 e 2012 foi de 37%, queda de dois pontos percentuais ante o período de 2005 a 2008.

Ainda assim, o País se mantém com o título de maior exportador de carne de frango do mundo, logo à frente dos Estados Unidos, que no ano passado exportou o equivalente a 32% de todo o volume de carne de aves comercializado no mundo, com embarques de 3,388 milhões de toneladas.

Apesar de estar na vice-liderança, o mercado avícola norte-americano também vem perdendo participação na esteira dos ofertantes de aves no mundo. Em 2010, o País havia exportado 35% de toda a carne de frango consumida no globo, número que já vinha em queda desde 2004, quando a participação dos Estados Unidos havia sido de 36%.

Segundo o vice-presidente de finanças, administração e de relações com investidores da BRF, Leopoldo Saboya, o Brasil não deve ter grandes alterações em sua competitividade nos próximos cinco anos, já que a base da competitividade da cadeia de carnes brasileira, que é o fácil acesso aos grãos para Ração, não estão ameaçados, ressaltou.

Por outro lado, ele destacou os custos com mão de obra e Logística como fatores que até agora limitaram a posição brasileira. "Temos baixa produtividade e baixo crescimento de produtividade. Em outros emergentes, a produtividade cresce mais."

Entre os países que têm ganhado participação de mercado no comércio mundial de aves estão a Tailândia e a Argentina. De acordo com estudo da Ubabef, a competitividade do setor avícola exportador brasileiro é atualmente igual à da Tailândia e dos Estados Unidos. Enquanto o mercado norte-americano se beneficia da oferta de grãos para Ração, a Tailândia ganha competitividade com o uso de mão de obra barata dentro dos custos industriais.

Saboya ressaltou, porém, que não vê o Brasil ameaçado em sua posição. "Apesar de competitivos, Tailândia, Argentina e Ucrânia têm baixos volumes de exportação", argumentou.

Entraves brasileiros

O vice-presidente da BRF demonstrou mais preocupação com os custos logísticos do que com o aumento dos custos com mão de obra. "A mudança de patamar [dos salários] já ocorreu", enquanto os custos logísticos colocam o Brasil atrás de outros países em competitividade, observou Saboya.

Saboya demonstrou pouco otimismo com relação à desvalorização cambial enquanto fator de elevação da competitividade da produção brasileira. O executivo ressaltou que "crescimento lastreado somente em mão de obra barata e câmbio desvalorizado não se sustenta", e deu o exemplo da China, onde os salários estão se valorizando e a moeda também estão se apreciando.

Ele lamentou a falta de acordos comerciais do Brasil e destacou a ameaça representada pelo possível acordo entre Estados Unidos e União Europeia (UE), que está em negociação. "Sem dúvida o Brasil está atrás na formação de blocos bilaterais ou multilaterais."

O presidente e CEO do frigorífico JBS, Wesley Batista, destacou por sua vez os "entraves burocráticos", citando principalmente a legislação trabalhista e fiscal, como fatores que reduzem a competitividade do Brasil. Segundo Batista, a operação da JBS no Brasil emprega 80 mil trabalhadores e responde a mais de 20 mil processos trabalhistas, enquanto as unidades da companhia nos Estados Unidos empregam 75 mil e respondem a 23 processos.

Batista observou ainda que "a burocracia tem aumentado ao invés de diminuir" e que "é mais complexo operar no Brasil do que há dez anos".

O vice-presidente da Tyson Foods, James Young, criticou a deficiência de portos, ferrovias e estradas no País. "O Brasil tem uma vasta disponibilidade de recursos naturais que é estrangulada pela deficiência Logística, o que é uma vergonha", colocou.

Já Saboya, da BRF, aposta no fortalecimento do mercado interno para sustentar o crescimento do setor de produção de carnes de aves. "É um fator de longevidade do mercado".






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