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Nacional
Sexta - 30 de Agosto de 2013 às 11:12

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Mãe de jovem morta, Mônica Rosa comemora condenação de ex-médico em Goiânia: 'Alívio' (Foto: Sílvio Túlio/G1]) 

"Agora ele terá tempo de pensar no que fez", diz
Mônica(Foto: Sílvio Túlio/G1)

Após dez horas de julgamento, a Justiça condenou o ex-médico Denísio Marcelo Caron a 13 anos de prisão pela morte da oficial de Justiça Flávia Rosa, em 2001, seis dias após ela ter sido submetida a uma cirurgia de lipoaspiração. A mãe da vítima, Mônica Rosa de Oliveira, resumiu em uma palavra o que sentiu quando ouviu a sentença: "Alívio", disse ela ao G1, com a voz embargada, ao sair do tribunal.

Mônica acompanhou todo o julgamento na primeira fileira do 2º Tribunal do Júri de Goiânia, onde o caso foi avaliado. Ela estava acompanhada de uma irmã e uma sobrinha. Todas elas se emocionaram bastante quando a sentença foi lida pelo juiz Lourival Machado da Costa.

"Graças a Deus deu tudo certo. Nunca pensei que iria ficar tanto tempo aguardando por isso. Foram 12 anos de agonia, mas a Justiça foi feita", afirmou. Apesar de admitir a vontade que o réu pegasse a pena máxima, de 30 anos, ela disse que o tempo de condenação a agradou. "Vai servir para ele repensar as coisas que já fez", completou.

A mãe da jovem conta que foi muito complicado estar frente a frente com o ex-médico acusado da morte de sua filha após uma lipoaspiração. Flávia faleceu devido a uma infecção causada por uma perfuração em seu fígado. Segundo o Ministério Público, o ferimento foi feito por Caron durante o procedimento cirúrgico.

"É muito difícil para encarar. É uma volta ao passado. Parece que estamos no velório dela novamente. Ela era linda e não precisava de uma lipo, mas que sou eu para julgar", lamentou.

Sentença
Denísio Marcelo Caron foi condenado a 13 anos de prisão em regime fechado. Contudo, assim que o juiz leu a sentença condenatória, o advogado de Caron, Ricardo Naves, recorreu da decisão e o ex-médico vai aguardar novo julgamento em liberdade.

O julgamento aconteceu na quinta-feira (29). Ele foi iniciado às 8h55, suspenso para o almoço, por volta das 13h, e retomado por volta das 14h15. À tarde, a promotoria e a defesa apresentaram os argumentos e, por fim, os sete jurados votaram. A sentença foi proferida por volta das 19h.

Ex-médico Marcelo Caron durante julgamento pela morte da paciente Flávia Rosa, em Goiânia (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

Caron foi condenado a 13 anos de prisão
(Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

Debates
Durante quase quatro horas, membros de defesa e acusação de Caron expuseram aos jurados suas alegações. O primeiro a falar foi o promotor de Justiça Maurício Gonçalves de Camargo. Ele pediu a acusação de Caron por homicídio doloso com dolo eventual se baseando principalmente em duas vertentes: o laudo pericial da morte de Flávia e o fato do réu realizar cirurgias plásticas sem ser habilitado para tal procedimento.

“O laudo aponta que a Flávia morreu por infecção depois de ter o fígado perfurado. Foi ele quem fez isso (disse apontando para o ex-médico), por imperícia e por não ter conhecimento técnico. A partir disso, decorreu o processo infeccioso", afirmou.

Defensor do réu, o advogado Ricardo Naves citou o laudo de exumação da oficial de Justiça. “Os peritos não podem negar que houve imprudência, imperícia ou negligencia na lipoaspiração", disse, lendo um trecho do documento, o qual considera inconclusivo.

Interrogatório
O interrogatório de Marcelo Caron durou 1h20. Ele começou a falar às 11h40, após as declarações de quatro testemunhas. Caron chorou e disse ter sido "excessivamente acusado" e, ao ser questionado pelo júri popular sobre a vítima, falou: "Se pudesse, trocaria a minha vida pela dela".

Marcelo Caron é condenado a 13 anos de prisão por morte de paciente, Maurício Gonçalves de Camargo (Foto: Sílvio Túlio/G1)


Promotor Muarício Gonçalves de Camargo
(Foto: Sílvio Túlio/G1)

A declaração irritou a mãe de Flávia, Mônica Rosa de Oliveira, que deixou o tribunal por alguns minutos. "Saí de lá para não gritar. Ele quer ganhar o júri, mas são lágrimas de crocodilo", disse ao G1 a mãe da vítima.

Primeiramente, Caron respondeu ao juiz que, na fase pós cirúrgica, quando Flávia foi internada na UTI do Hospital Jardim América, houve uma "preocupação exacerbada com o fígado" da paciente, deixando de dar atenção aos outros órgãos, e argumentou: "A perfuração era de dois centímetros, o equivalente a uma pulsão para biopsia". No entanto, logo depois, disse que o fígado foi lesionado durante a cirurgia geral realizada após a lipoaspiração.

Caron disse ter acompanhado a cirurgia geral, feita por outro médico, e argumenta não haver provas da perfuração no órgão: "Houve apenas uma avaliação do cirurgião geral de que o fígado foi perfurado. Não houve registro, não houve fotos". Para o ex-médico, uma embolia levou ao inchaço no fígado, que levou a vítima a uma infecção, abaixou sua imunidade e causou a falência múltipla de órgãos.

O ex-médico Denísio Marcelo Caron vai a júri popular pela morte de Flávia Rosa, em Goiânia, Goiás (Foto: Reprodução/TV Anhanguera) 


Flávia Rosa morreu seis dias após a lipoaspiração
(Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

Condenações
Caron responde a 29 processos na Justiça por diversos crimes como lesão corporal e estelionato. O ex-médico foi condenado, em primeira instância, pela morte de duas mulheres no Distrito Federal, em 2009. Juntas, as penas dos dois processos somam 30 anos de prisão. Ele recorreu da sentença e aguarda em liberdade.

No entanto, ele cumpre pena no regime semiaberto em Natal, onde reside atualmente, por lesão corporal grave a uma paciente de Goiânia, em 2012. Em Goiás, ele responde pela morte de outras quatro pacientes, por complicações após cirurgias estéticas.

Apesar de atuar como cirurgião plástico em Goiás e no Distrito Federal, ele não tinha especialização na área e teve o registro profissional cassado pelo Conselho Federal de Medicina por exercício ilegal da profissão. Depois da primeira condenação, ele se formou em direito, mas disse durante o julgamento que faz "serviços braçais".





Fonte: Do G1

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