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Meio Ambiente
Domingo - 22 de Agosto de 2010 às 13:44

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Quase 20% dos municípios de Mato Grosso estão despreparados para conter incêndios de qualquer natureza. A constatação é de um balanço elaborado pela Defesa Civil do Estado. De um universo de 141 municípios mato-grossenses, 114 possuem a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec) restando 27 municípios sem o órgão. A reportagem ainda apurou que as cidades desguarnecidas pela coordenadoria ainda não tem nenhuma brigada do PREVFOGO, muito menos unidade do Corpo de Bombeiros.

Pelo relatório da Defesa Civil, estão sem a coordenadoria as cidades de Acorizal, Araputanga, Alto Paraguai, Araguainha, Arenápolis, Bom Jesus do Araguaia, Conquista D’Oeste, General Carneiro, Glória D’Oeste, Indiavaí, Ipiranga do Norte, Itiquira, Jauru, Juscimeira, Lambari D’Oeste, Nortelândia, Nova Nazaré, Reserva do Cabaçal, Ribeirãozinho, Rio Branco, Rondolândia, Salto do Céu, Santa Rita do Trivelato, Santo Afonso, Serra Nova Dourada, Tesouro e União do Sul.

Muitos desses municípios possuem grande produção madeireira e correm o risco de vivenciar a mesma situação de Marcelândia - por conta dos descartes irregulares de resíduo, que teve destruído 80% de seu parque industrial.

A coordenadoria é de suma importância para qualquer município. Sem ela, uma cidade fica impossibilitada, em situações de tragédia, de decretar estados de emergência e calamidade pública de forma oficial. São os representantes do órgão municipal que elaboram relatórios dos prejuízos causados contra o patrimônio e encaminham o documento para o Estado ou governo federal, responsáveis pela liberação de recursos necessários para reerguer o município atingido.

Marcelândia (distante 720 quilômetros de Cuiabá) já possuía Comdec apenas em decreto, mas sem nenhuma atuação na prática. Na vigência da tragédia, a cidade se viu obrigada a formar a comissão às pressas e formalizar decreto de situação de emergência que se estendeu até o dia 11 de novembro.

Para o coordenador da Gestão do Fogo da Defesa Civil, major Elton Crisóstomo, falta, na cultura brasileira como um todo, percepção de riscos iminentes. “Diante dessa percepção de risco, você consegue minimizar os prejuízos”, destaca.

O Distrito Industrial de Marcelândia foi erguido com madeira e ficava próximo ao lixão da cidade, que sempre pegava fogo. “Em Marcelândia, o caso não é normal. As indústrias estavam juntas e foram destruídas rapidamente pelo fogo descontrolado. Porém, esse desastre serviu para todo mundo estar atento”, revela o presidente do Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira (Cipem), João Baldasso. Em Mato Grosso, 30 municípios dependem diretamente da madeira e outros 50 possuem a atividade bastante desenvolvida.

No passado, o resíduo proveniente das serrarias era queimado, por autorização da própria Sema. Nos dias de hoje, essa previsão de queima não pode mais ser feita. De acordo com o secretário de Meio Ambiente de Mato Grosso, Alexandre Maia, serão criados incentivos fiscais para algumas cidades que beneficiam a madeira. A ideia é atrair indústrias. “Queremos que muitas indústrias que beneficiam a serragem se estabeleçam em Mato Grosso para dar outro uso a esse resíduo”, diz. Em Marcelândia, a Sema pretende destinar uma área para o descarte coletivo do pó de serra.

Para o ecologista Abel Nascimento, o descarte inadequado de resíduos representa descaso com meio ambiente. “Além de representar falta de sustentabilidade, está se jogando dinheiro fora com o descarte desse resíduo de forma inadequada, já que poderia ser usado em indústrias”, revela. O setor madeireiro ainda precisa avançar. Grande parte da madeira retirada das áreas de manejo é apenas cortada e exportada. Falta beneficiá-la, agregando valor ao produto. O Cipem aponta que o setor representa 6% do Produto Interno Bruto (PIB) de Mato Grosso.






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