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Meio Ambiente
Segunda - 23 de Agosto de 2010 às 14:50
Por: Dennis Barbosa

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Dennis Barbosa/Globo Amazônia
No experimento, a floresta é incendiada com o equipamento apelidado de
No experimento, a floresta é incendiada com o equipamento apelidado de "pinga-fogo", que usa querosene como combustível.

Cientistas do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e do Woods Hole Research Center (WHRC), dos EUA, fizeram, na última semana, a queima de 100 hectares (1 milhão de metros quadrados) de floresta numa fazenda de soja em Querência (MT) para estudar o efeito do fogo sobre a mata.

A pesquisa, que acontece há 7 anos, tem a intenção de obter dados detalhados sobre as consequências de sucessivos incêndios na vegetação, quanto emitem de carbono na atmosfera, além de formas para recuperar o que foi destruído.

A área total do experimento é de 150 hectares de mata de transição entre os biomas Amazônia e cerrado, que foi dividida em três parcelas diferentes. A primeira é queimada anualmente. A segunda, é incendiada a cada 3 anos. A última, permanece intacta para servir de comparação com as outras duas.
Para levar a experiência a cabo, os pesquisadores fizeram o inventário de 10 mil árvores no terreno, para poder registrar o que aconteceu com elas.

De acordo com Paulo Brando, um dos ecólogos que lideram a pesquisa, foi surpreendente notar que a área incendiada a cada 3 anos sofria danos mais severos que aquela queimada todo ano. Ainda assim, ressalta que, em ambos os casos, o ecossistema foi profundamente alterado.

Jennifer Balch, pesquisadora do WHRC, explica que, das dez espécies de árvores dominantes (ou seja, aquelas que se apresentam com mais abundância naquela região), quatro desapareceram por causa das queimadas repetidas.

A fauna local, por sua vez, tem um comportamento diferente. Oswaldo Carvalho Jr., do Ipam, fez um levantamento dos insetos de solo e concluiu que o número de espécies presentes se manteve apesar do fogo. A abundância de animais de cada espécie, no entanto, e a proporção de suas populações mudou, o que representa um desequilíbrio no ecossistema.

A maior presença de um inseto que se alimenta de determinado tipo de semente, por exemplo, dificulta a reprodução de certos tipos de plantas, alterando a composição da flora no local.

Este ano foi o último das queimadas experimentais em Querência. A partir de 2011, os cientistas devem acompanhar a recuperação da mata. "Após 7 anos, a floresta está totalmente detonada. Não tem porque detonar mais", comenta Jennifer, ao apontar que os dados colhidos neste período são suficientes para os propósitos da pesquisa.  

Foto: Dennis Barbosa/Globo Amazônia 
Parte considerável da vegetação ficou destruída no experimento. (Foto: Dennis Barbosa/Globo Amazônia) 





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