Campanhas de Dilma e Serra tentam conquistar votos de Marina no 2º turno

Com o adiamento da decisão das eleições presidenciais para o segundo turno, o apoio da candidata do PV, Marina Silva, se tornou essencial na disputa.

O PSDB, de José Serra, e o PT, de Dilma Rousseff, já começaram nesta segunda-feira suas tentativas de aproximação com Marina, cujo eleitorado cresceu bastante nos dias que antecederam o primeiro turno, segundo as pesquisas.

Em dez dias, a candidata do PV cresceu 5,5 pontos percentuais, considerando os votos válidos, e terminou sua participação no pleito com 19,33%. Marina conseguiu dobrar o total de sufrágios válidos que tinha projetados no início do ano em relação aos que efetivamente conquistou no primeiro turno.

Enquanto seu partido, o PV, costuma estar alinhado com o PSDB em diversos Estados, Marina, que já foi do PT, deve se manter neutra.

Nesta segunda-feira, o candidato do partido derrotado na disputa pelo governo do Rio de Janeiro, o deputado federal Fernando Gabeira disse na tarde desta segunda-feira que "não tem a mínima ideia" de como a candidata derrotada do partido à Presidência, Marina Silva, vai se comportar no segundo turno.

"Ela que sabe e é ela quem vai definir", afirmou Gabeira à Folha por telefone. O deputado havia prometido apoio a Serra neste segundo turno. "Eu dei a palavra que apoiaria o Serra no segundo turno, caso a Marina não fosse com ele. Eu vou honrar a minha palavra. Agora, o como vai ser definido em função das posições que o PV tiver. Vou procurar fazer as coisas de uma maneira harmônica."

Logo após o fim das apurações, líderes dos dois partidos já falavam sobre o apoio de Marina. Em seu primeiro pronunciamento depois do primeiro turno, o candidato do PSDB, José Serra, fez um afago na candidata.
Danilo Verpa/Folhapress
Marina Silva, candidata do PV, terminou a eleição presidencial com 19,33% dos votos e deve permanecer neutra neste 2º turno
Marina Silva, candidata do PV, terminou a eleição presidencial com 19,33% dos votos e deve permanecer neutra no 2º turno

"Eu queria me congratular com Marina Silva pela votação expressiva. Ela contribuiu com o jogo democrático do Brasil", afirmou Serra, em São Paulo. Ele elogiou a candidatura de Marina pela capacidade de atrair participação dos jovens na vida política.

Nesta segunda, em Minas Gerais, o candidato disse esperar uma "aproximação" com o PV no segundo turno. Questionado se iria procurar a presidenciável derrotada Marina Silva, Serra disse que "a questão é via partido".

"Eu tenho muita proximidade com o PV. Elementos de aproximação existem e eu espero sinceramente que ela aconteça", afirmou o tucano, que não quis comentar a hipótese de Marina ficar neutra no segundo turno.

O governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin, também do PSDB, também defendeu a aproximação do PV com o partido.

Ao falar do segundo turno, o paulista defendeu, inclusive, que o programa da candidata verde Marina Silva seja incorporado ao de Serra. E mencionou o fato de até já estar vestindo uma gravata de cor verde. "Eu acho que, no que depender de nós, eu até já estou com uma gravata verde aqui".

Do lado do PT, o presidente do partido, José Eduardo Dutra, já teve uma primeira conversa com a candidata do PV em busca de apoio para Dilma Rousseff.

Segundo uma fonte da campanha petista, Marina alegou que estava praticamente sem voz e os dois ficaram de ter uma conversa pessoalmente mais adiante. Alguns integrantes do grupo dilmista defendem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja um dos interlocutores junto a Marina, aproveitando a longa relação política entre os dois.

O integrante da coordenação da campanha de Dilma, o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP) afirmou hoje que é "natural" a aproximação para o segundo turno com Marina. "Até outro dia a Marina era do PT. É natural que ocorra essa aproximação. Há setores muito próximos a Marina", afirmou.

Marta Suplicy, eleita senadora pelo PT em São Paulo, afirmou que Dilma tem chances de vencer em 31 de outubro porque os votos que ela perdeu na reta final do primeiro turno foram para Marina, e não para Serra. Dilma terminou o primeiro turno com 46,91% dos votos, Serra com 32,61%.

"Espero que Marina escute o coração [e declare apoio a Dilma]", disse Marta. "A Dilma pode ganhar. Com facilidade, não digo. A gente não pode nunca subir no salto alto. Mas ela tem toda condição de ganhar."