Ministro da Saúde descarta casos suspeitos de leptospirose na região serrana do Rio

Onze dias depois da enxurrada que deixou ao menos mais de 780 mortos na região serrana do Rio, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, visitou na manhã deste sábado Nova Friburgo, um dos municípios mais atingidos pelas chuvas. Em entrevista à imprensa no hospital de campanha do Corpo de Bombeiros, ele descartou quatro casos suspeitos de leptospirose na cidade e em Teresópolis, mas afirmou que vai continuar a monitorar doenças causadas pelas enchentes.
"Tinham quatro casos clinicamente suspeitos, que foram descartados com testes rápidos para leptospirose e os outros exames estão no laboratório central, que vai fazer a identificação da doença. Esse teste rápido é coletado instantaneamente com uma fitinha [...] de qualquer forma eles continuam em acompanhamento, em observação. Teve febre e sintomas da doença tem que descobrir o que é", disse o ministro.

O Ministério da Saúde faz um alerta aos moradores para que eles evitem a automedicação e procurem um posto de atendimento médico local para a realização dos exames laboratoriais. "Nesse momento o fundamental é o diagnóstico clínico, em seguida, realizamos os exames de sorologia que confirmam o resultado anterior", explicou.

Equipes médicas e da Vigilância Sanitária devem acompanhar diariamente os abrigos --a partir de segunda-feira (24)-- para detectar doenças de via respiratória, de pele e casos de diarréia. Segundo o ministério, ao menos três casos de catapora foram registrados em abrigos.

HOSPITAIS FEDERAIS

Antes de seguir para região serrana, Alexandre Padilha visitou o HGB (Hospital Geral de Bonsucesso), na zona norte do Rio, onde estão internadas dezenas de vítimas em estado grave, que sofreram traumas e necessitaram de intervenções cirúrgicas.

"Nós estamos fazendo em média 20 a 25 cirurgias ortopédicas por dia com pacientes daqui (região serrana) que foram levados para hospitais federais do Rio de Janeiro. Criamos uma unidade de suporte de emergência específica lá no HGB para receber as vítimas que são encaminhadas via aérea pela secretaria estadual e pelas secretarias municipais", disse.

De acordo com o ministro, também há pacientes internados na Unidade de Queimados e no CTI (Centro de Tratamento Intensivo) dos hospitais federais.

Ele ainda afirmou que deve reabrir neste sábado uma ala inteira no hospital municipal Raul Sertã --com cerca de 48 leitos-- em Nova Friburgo para desafogar os hospitais federais. Alguns setores da unidade estavam interditados por conta da enchente.

"Nesse primeiro momento-- como prioridade-- alguns pacientes que já foram para os hospitais federais do RJ já estariam em condições de alta e retornariam para esse espaço na unidade municipal -- a partir daí vamos começar a identificar quem a casa ainda está conservada, locais de abrigo, parentes para que a gente possa ter alta hospitalar", disse.

SAÚDE MENTAL

O Ministério da Saúde informou que vai providenciar mais 22 profissionais entre médicos, enfermeiros e psicólogos para reforçar o atendimento de saúde mental nos postos e hospitais da região serrana. Desde a primeira semana da tragédia, seis equipes da área trabalham nas unidades.

O órgão também utiliza 14 ambulâncias do Samu, mas até a semana que vem outras 20 permanecem concentradas definitivamente para atendimentos emergenciais nos municípios de Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis, na região serrana.

"Encaminhamos pra cá três máquinas de hemodiálise pra se for necessário atuar em situações de insuficiência renal aguda e uma preocupação Tb dos pacientes crônicos. O Inca (Instituto Nacional do Câncer) está acompanhando cerca de 200 pacientes crônicos que usam quimioterápicos,

VACINA ANTIRRÁBICA

O ministro da Saúde informou também que equipes dos governos devem iniciar a partir da semana que vem a aplicação da vacina antirrábica em animais domésticos. Ele também disse que há necessidade de se ampliar o número de canis em Nova Friburgo. Atualmente existem 26 na região.