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Ciência
Terça - 14 de Junho de 2011 às 21:12

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As doenças do coração e das vias sanguíneas são a principal causa de mortes no Brasil. Segundo o Datasus, ais de 30% dos óbitos são causados por problemas no sistema cardiovascular; é quase o dobro do número de mortes provocadas pelo segundo fator mais importante, o câncer.

A ignorância agrava os efeitos das doenças. Em parceria com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, o Instituto Datafolha fez uma pesquisa com pessoas que já sofreram infartos e constatou que muitos dos entrevistados não têm conhecimento sobre a própria doença, a Síndrome Coronariana Aguda (SCA).

O estudo foi feito com 610 pessoas nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Belém e Goiânia – incluiu, portanto, as cinco regiões do Brasil. As perguntas foram feitas num questionário, e os pesquisadores buscaram englobar todas as classes econômicas – mas a classe E representou menos de 1%. Dois terços dos entrevistados eram homens – já que eles são maioria entre os pacientes – e a idade média foi de 63 anos.

Resultados
Algumas das respostas deixam os médicos em alerta. A pesquisa ouviu apenas pessoas que já tiveram infarto, ou seja, existe possibilidade de que sofram outros. Apesar do risco, apenas 53% dos entrevistados disseram que a saúde é o assunto de maior importância de suas vidas no momento.

Os cardiologistas avaliam ainda que os cuidados que os entrevistados tomam com a saúde são insuficientes. Somente 53% dos pacientes usam medicamentos; segundo Jorge Ilha, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, todos deveriam tomar remédios.

Metade dos entrevistados afirmou que praticam exercícios físicos, número que o cardiologista considera baixo. Dentre esses, 83% caminham, e essa é mesmo a atividade mais indicada – desde que a caminhada dure pelo menos meia hora e seja feita com ritmo. A ginástica, que ficou em segundo lugar na lista, não adianta muito para pacientes cardíacos, segundo Ilha.

O tabagismo também é proibido a quem sofre com a SCA, e 19% dos entrevistados disseram que fumam. Porém, o número é parecido com o de países mais desenvolvidos, e neste aspecto o Brasil não aparece tão mal.

Hoje, nós temos um primeiro mundo para muito pouca gente. Isso é injusto"
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Acompanhamento médico
Mesmo correndo o risco de um segundo infarto a qualquer momento, 18% dos entrevistados não sabem reconhecer os sintomas de um ataque do coração. Outros 39% disseram que sabem reconhecer um pouco, enquanto 43% afirmaram que os conhecem bem.

Para Jorge Ilha, falta atenção com o paciente, não basta tratá-lo e dar alta. “Ele [paciente] precisa, depois, que alguém sente com ele, que explique, que tenha tempo, eu acho que o fundamental seria isso”, opinou o cardiologista.

Para isso, seria preciso melhorar a rede de atendimento. “Saúde não se faz sem dinheiro. Nem que seja dinheiro para abrir um ambulatório para alguém conversar, não precisa nem ser médico. Pode ser um assistente social, uma enfermeira que converse com o paciente e explique a importância disso”, disse.

Segundo dados apresentados pela sociedade, 16% dos pacientes que chegam a hospitais brasileiros morrem. O ideal, segundo Ilha, seria que esse número ficass entre 5% e 6%.

“Hoje, nós temos um primeiro mundo para muito pouca gente. Isso é injusto”, prosseguiu. “O nosso foco principal tinha que ser nas desmazelas do nosso país. Aqui vai uma informação que é real: o Brasil investe R$ 1,50 por paciente por dia. Isso significa metade que a Colômbia, menos que a Argentina”, comparou o presidente da instituição.

Imagine o que custa para o país se essas pessoas pararem de trabalhar"
Otávio Rizzi, chefe da Unidade de Cardiologia da Unicamp

Otávio Rizzi, chefe da Unidade de Cardiologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), deu uma justificativa econômica para que os investimentos aumentem. “Imagine o que custa para o país se essas pessoas pararem de trabalhar. Elas vão parar trabalhar se não estiverem em condições boas. Além dos custos do tratamento, elas vão deixar de produzir e vão custar para a previdência”, ponderou o cardiologista.

Somada à falta de informação, a resistência dos pacientes se mostra como um problema. Segundo a pesquisa. 20% não mudaram os hábitos de vida depois do infarto. E os médicos acreditam que esses números devem ser até maiores.

“Eles veem a morte de perto, não tem nada mais assustador que sobreviver a um infarto. Mesmo assim, um quinto deles não mudou o estilo de vida. Não faz parte da pesquisa, mas é preciso saber por quanto tempo os outros 80% mudaram. O que acontece seis meses depois? Uma quantidade que não é pequena volta a ter a vida como era”, argumentou Rizzi.





Fonte: Do G1

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