Pacientes ficam sem medicação e dois idosos morrem na fila de espera

Denúncias levaram os conselhos municipais do idoso, mulher, saúde e tutelar fazer uma fiscalização conjunta no Hospital Regional de Rondonópolis e detectaram 37 pacientes em situação grave de saúde precisando de cirurgias, medicamentos e exames. Todos são estão internados na ala de ortopedia. “Um idoso de 65 anos pediu que amputassem a perna dele. Há oito meses sofreu uma queda em casa e até hoje não passou por cirurgia. Quando colocam gesso, ele consegue andar, quando tira, ele fica sem se locomover. É uma situação desesperadora”, comentou o presidente do Conselho Municipal do Idoso, Lindomar Lemes dos Santos.

Os idosos Nestor Coimbra, 88 anos e Maria de Lourdes Jesus, 98 anos, morreram após ficar dias aguardando cirurgia. Conforme relatório do próprio Hospital Regional, Nestor, morador de Rondonópolis, deu entrada na unidade no dia 03 de maio com fratura no quadril e morreu dia 7 de junho, mais de um mês após ficar internado. Já a moradora de Guiratinga Maria de Lourdes, deu entrada na unidade dia 21 de maio e veio à óbito no dia 9 de junho, 19 dias depois.

Também foi constatado pelas equipes que na segunda-feira à tarde não havia ortopedistas de plantão, por isso os pacientes passaram o plantão de 12 horas sem receber medicação, já que a administração de remédios cabe ao profissional determinar. “Poucos pacientes conhecem o médico, mas elogiaram o trabalho dos enfermeiros”.

O relatório da visita e as fotos do pacientes foram entregues ao promotor Ary Madeira Costa para que ele possa tomar providências.

Conforme a direção da unidade, 22 pessoas aguardam transferência para Cuiabá para cirurgias. Dezesseis estão internadas e seis aguardam em casa. São casos de idosos e pessoas que sofreram acidentes e estão com fraturas expostas. Outras quatro pessoas precisam de transferência por outras doenças, como câncer e aneurisma cerebral. Por dia, o Hospital tem conseguido transferir para Cuiabá cerca de quatro pacientes.

A OS São Camilo informou que já está tomando providências para contratar mais médicos e que só assumirá a gestão da unidade em 1º de agosto.

O promotor disse que 95% dos casos da ação impetrada por ele em 12 de maio para a transferência de 45 pacientes para a capital já foram atendidos. Ainda restam desta lista cerca de 4 pessoas. “Vamos comunicar o caso à justiça ou pedindo a transferência imediata ou bloqueio das contas do Estado”. Ele também analisará se há irregularidades na unidade, conforme a fiscalização realizada pelos conselhos municipais, para que, futuramente, possa tomar providências judiciais.

Os problemas no setor de ortopedia do Hospital Regional de Rondonópolis se agravaram em abril quando cinco ortopedistas pediram demissão. Quatro profissionais permaneceram e, sem seguida, um pediu licença e hoje apenas três cumprem plantão na unidade.