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Economia
Quinta - 21 de Julho de 2011 às 15:44

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Estudo realizado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), ligado à Presidência da República, verificou o comportamento da inflação brasileira na última década, e apontou como vilões das altas de preços os grupos de alimentos e bebidas, além de serviços. Segundo o levantamento, divulgado nesta quinta-feira (21), as variações destes grupos ficaram acima do centro da meta de inflação nos últimos dez anos.

De acordo com o estudo, quatro fatores tiveram influência direta na alta de preços destes grupos. São eles: a alta internacional dos preços de commodities; a melhora da distribuição de renda e do mercado de trabalho; as mudanças na regulação dos preços administrados e a valorização do real (apreciação cambial) e ganhos de produtividade.

O levantamento pretende apontar quais são os grupos de preços mais influentes e como podem estar relacionados às mudanças recentes na trajetória de crescimento da economia brasileira. A análise enfoca principalmente o comportamento dos índices após 2007.

Para realizar as análises, os pesquisadores do Ipea fizeram a decomposição da inflação oficial, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), verificado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), e estudaram quais são os grupos que mais tiveram influência no IPCA.

Carlos Cecconello 4.mai.2011/Folhapress
A alta de preços dos alimentos, bebidas, e serviços ficou acima do centro da meta da inflação nos últimos dez anos
A alta de preços dos alimentos, bebidas, e serviços ficou acima do centro da meta da inflação nos últimos dez anos

O estudo avalia o impacto dessas mudanças nos preços dos grupos alimentos, bebidas, serviços, monitorados e industrializados, que formam o IPCA.

"Desde 2004, o país vive uma fase de crescimento mais acelerado. No período, houve aumento nos preços das commodities e melhorias no mercado de trabalho e na distribuição de renda", aponta.

Os pesquisadores fazem ainda a relação do crescimento da economia na última década, com o comportamento da inflação. De 1995 a 2003 a taxa de crescimento média do PIB real foi de 2,18% ao ano, enquanto de 2004 a 2010 o crescimento médio subiu para 4,42%.

"Essas taxas mais elevadas [são relacionadas] ao surgimento de um novo regime de crescimento, consubstanciado em alterações no regime de demanda, regime de produtividade e alívio da restrição externa", diz o estudo.

A força motora do novo regime é o mercado interno, fomentado pela melhora na distribuição de renda e redução da pobreza, expansão do crédito e recuperação relativa da renda do trabalho.

ALIMENTOS E SERVIÇOS

A inflação dos alimentos e bebidas se deve a alta internacional dos preços de commodities nos últimos anos, com exceção de 2009, e o aquecimento da economia sobre o grupo como um todo. "[Isso] têm levado as taxas de variação dos preços de alimentos e bebidas a níveis muito acima da meta de inflação", analisa.

Já a justificativa para o forte aumento dos preços dos serviços, relacionada as mudanças estruturais da economia nacional à melhora da distribuição de renda e redução do desemprego.

A variação dos preços de alimentos e bebidas não comercializáveis fora do domicílio esteve por volta de 7,7% em 2007 e 2009, mas em 2008 e 2010, anos de crescimento econômico mais vigoroso, foi 12% e 9,8% respectivamente.

O mesmo ocorre com os serviços pessoais: sua taxa de variação foi próxima a 7,5% em 2007 e 2009 e ao redor de 9,5% em 2008 e 2010. Para a maioria dos outros componentes dos serviços e para o grupo como um todo, esse aquecimento aparece com mais força no ano de 2010 especificamente.

É assim com recreação (8,8% em 2010 contra 4,8% na média dos três anos anteriores), aluguel e condomínio (7,3% contra média anterior de 5,5%), mão de obra em reparos (10,6% contra 8,1%), serviços educacionais (6,7% contra 5,3%) e serviços de saúde (8,6% contra 6,5%). Para o todo dos serviços, sem serviços alimentícios, a taxa de variação foi em média 6% de 2007 a 2009 e 7,6% em 2010.  






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