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Economia
Sexta - 29 de Julho de 2011 às 07:00

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As recentes medidas anunciadas pelo governo no mercado de câmbio deverão ter efeito limitado sobre a cotação do dólar, avaliam especialistas. A moeda americana voltou a subir nesta quinta-feira, e fechou valendo R$ 1,566, mas o dia foi de baixo volume de negócios devido às dúvidas do mercado sobre como funcionará, na prática, o recolhimento de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre operações no mercado futuro com moeda americana.

Para o ex-ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega, o governo acabou gerando muitas incertezas ao não detalhar como serão aplicadas as medidas.

O próprio Ministério da Fazenda informou nesta quinta-feira que o recolhimento do IOF sobre operações com derivativos, contratos feitos no mercado futuro, começará apenas em 5 de outubro. Esse prazo foi estipulado porque o sistema de apuração do tributo ainda terá que ser desenvolvido com a BM&FBovespa e a Cetip --empresas que liquidam as operações de cambias no mercado futuro.

"Impressiona o governo ter anunciado as medidas sem envolver o setor privado [BM&FBovespa e Cetip] na sua elaboração. Foi falta de profissionalismo", criticou.

O diretor de tesouraria do Banco Prosper, Jorge Knauer, disse que o mercado futuro de câmbio congelou diante do não entendimento da aplicação das medidas. Segundo ele, não ficou claro como será cobrado o imposto e em que casos ele se aplicará.

Por exemplo, os investidores não entenderam se haverá taxação caso um operador esteja comprado no mercado à vista (ou seja, com dólar em caixa) e vendido no futuro (posicionado numa operação que rende ganhos se o dólar cair).

"A maioria não entendeu o funcionamento da medida e quem entendeu ficou estupefato com a dificuldade de execução", disse Knauer.

Para o economista Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central, a possibilidade de o CMN (Conselho Monetário Nacional) determinar as margens exigidas de investidores para operação nos mercados, seja em ações ou nos mercados de derivativos, é um fortalecimento do governo às expensas do setor privado. Até então, quem definia os limites era o próprio mercado.

As margens são usadas para dar garantia à operação e só são elevadas quando há grande incerteza no mercado. Agora, o governo pode exigir margens maiores, o que está sendo interpretado como uma interferência injustificada.

Schwartsman lembra ainda que não é possível considerar todo o volume negociado no mercado futuro de câmbio como especulativo e, como consequência, taxar todos.

"Tem um pessoal tomando risco, mas também tem muita gente se livrando do risco. São compradores de dólar que buscam se proteger, como importadores e exportadores. Por que os especuladores prevalecem? Se há gente tomando risco (acreditando na queda do dólar) é porque existe uma outra ponta comprando dólares (acreditando na alta da moeda)", afirma o economista.

DÓLAR FRACO

Apesar das medidas ainda não terem sido completamente compreendidas, economistas observam que elas têm impacto limitado, pois os fundamentos que provocam a baixa da moeda americana permanecem.

Schwartsman afirma que a tendência de enfraquecimento do dólar prosseguirá no exterior, uma vez que a União Europeia já está elevando as taxas de juros e, os Estados Unidos, não. No Brasil, a inflação está acima da meta, o que não permitirá a queda da taxa de juros tão cedo. Isso mantém a atratividade de estrangeiros em investimentos no Brasil.

"Minha impressão é que há um primeiro impacto, mas passarão uns dias e o câmbio voltará para a tendência anterior", afirma.

Para Knauer, a intervenção do governo no mercado de câmbio traz volatilidade às cotações, mas não muda a tendência de um real forte.

  editoria de arte/folhapress  
 





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