MA: deputado nega envolvimento em morte de jornalista

O deputado estadual citado como principal mandante no depoimento do assassino do jornalista Décio Sá se defendeu oficialmente das acusações feitas por Johnatan Silva, executor confesso dos disparos contra o jornalista em 23 de abril. Em tom elevado, Raimundo Cutrim (PSD) criticou a atuação do secretário de Segurança Pública do Maranhão e questionou a veracidade do depoimento dado pelo assassino confesso.

"Não aceito o que esse moleque travestido de secretário quer fazer comigo, isso é uma falta de respeito. Me sinto enojado com essa molecagem que estão querendo fazer comigo," reclamou na tribuna da Assembleia Legislativa.

Cutrim disse que não teria motivos para querer a morte do jornalista e confirmou sua relação profissional com um dos acusados na operação "Detonando", José Raimundo Sales Chaves Júnior. Cutrim teria contratado o empresário para prestação de serviços de construção civil. Em diversos momentos do pronunciamento, o deputado elevou o tom de voz e fez duras críticas à condução das investigações. Raimundo Cutrim chegou a insinuar que seu nome tenha sido citado propositalmente. "É muito estranho que no depoimento esse pistoleiro se refira a mim como Raimundo Cutrim, porque eu nunca ouvi ninguém me chamando de Raimundo Cutrim, é sempre doutor Cutrim, ou secretário."

Ex-secretário de Segurança Pública do Maranhão, Raimundo Cutrim deixou o posto para se candidatar a uma vaga no Poder Legislativo em 2010. Ano passado, o deputado chegou a propor a instalação da Comissão de Inquérito Parlamentar para investigação de denúncias de agiotagem feitas pelo jornalista Décio Sá em 2011.

Cutrim revelou que enviou na última sexta-feira à Secretaria de Segurança um ofício em que abria mão das prerrogativas parlamentares para prestar depoimento à equipe que investiga o assassinato de Décio Sá.

Procurado pelo Terra, o secretário Aluísio Mendes preferiu não falar sobre o assunto. O presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão convocou entrevista coletiva para esclarecer o posicionamento da Casa sobre o assunto e procedimentos que serão tomados pelo parlamento nas investigações.