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Quinta - 19 de Julho de 2012 às 11:47
Por: Iara Vilela

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Iara Vilela/Do G1 MT
Márcia Albuquerque é auxiliar de departamento e ainda trabalha em casa noturna.
Márcia Albuquerque é auxiliar de departamento e ainda trabalha em casa noturna.
A rotina diária de Márcia Albuquerque, de 39 anos, vai muito além dos serviços prestados como auxiliar de departamento em Cuiabá (MT). Mãe de três filhos, ela enfrenta uma jornada dupla, assim como muitas mulheres brasileiras, dedicando-se aos afazeres domésticos depois que volta do trabalho.

"Hoje, além da minha rotina profissional, eu também tenho um segundo emprego em que trabalho três vezes na semana. Quando saio do serviço, ainda tenho a minha rotina de dona de casa", afirma.

Estudo divulgado nesta quinta-feira (19) pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) mostra que as mulheres trabalham mais do que os homens no Brasil quando se calcula o tempo total de trabalho, o que inclui os afazeres domésticos e a jornada formal no mercado de trabalho.

“Eu saio do trabalho, chego em casa e vou organizar tudo. Lavo, passo, cozinho e ainda ajudo os filhos a fazer tarefa”, descreve Márcia, que é solteira e conta com a ajuda da mãe no cuidado com os filhos de 4, 10 e 19 anos.

Durante a semana, Márcia se desdobra para levar e buscar os filhos mais novos na escola. As duas crianças estudam em horários diferentes. “Eu deixo meu filho de 10 anos na escola e já vou para o trabalho. Na hora do almoço, ele pega ônibus ou vai para a casa com o padrinho dele. Quando chega o final da tarde, eu corro para buscar a minha filha de quatro anos no colégio”, diz, lembrando que duas vezes na semana ainda precisa levar o filho na escolinha de futebol.

Para complementar a renda, Márcia trabalha três vezes por semana em uma casa noturna da capital. Ao G1 ela afirma que precisou trancar a faculdade para garantir esse segundo emprego e melhorar a renda da família. “Esse ‘bico’ eu faço nos dias de quarta, quinta e sábado. Nesses dias, eu só vou dormir depois que a casa noturna fecha. Mas, em um dia normal, só durmo depois da 1h porque preciso colocar a casa em ordem”.

Ela conta ainda que, durante os finais de semana, continua se dividindo entre os filhos e as atividades domésticas. “Eu tiro o dia de sábado para lavar roupa. Mas, no geral, eu limpo a casa a noite porque não dá para limpar no outro dia”, afirma.

Márcia diz que, se tivesse tempo livre, gostaria de levar os filhos para passear. Mas ressalta que a renda do segundo trabalho faz diferença. “O meu segundo trabalho eu não posso perder, pois sem ele eu não consigo manter o meu carro, para que eu possa me locomover com as crianças”, diz a trabalhadora.

Ela confirma que, em alguns lugares, os homens ganham bem mais para desenvolver a mesma função. Márcia diz que apesar de as mulheres terem a mesma capacidade e dedicação, continuam ganhando menos. “Se eu ganhasse o mesmo que um homem, esse dinheiro faria muita diferença. Se os empresários em geral tivessem consciência disso, acho que nós mulheres trabalharíamos muito mais motivadas”.

Mulheres trabalham mais
Os números da Organização Internacional do Trabalho (OIT), relativos ao ano de 2009, mostram que as mulheres têm uma jornada de cerca de cinco horas a mais por semana do que os homens. A OIT informou que os homens trabalham, em média, 43,4 horas por semana no mercado de trabalho e outras 9,5 horas em casa, perfazendo uma jornada semanal de 52,9 horas. Ao mesmo tempo, as mulheres têm uma jornada total de 58 horas semanais, sendo 36 horas no mercado formal de trabalho e 22 horas em casa.

"Entre o conjunto das mulheres brasileiras inseridas no mercado de trabalho, uma expressiva proporção de 90,7% também realizava afazeres domésticos, enquanto que entre os homens tal proporção era significativamente inferior: 49,7%. Essas trabalhadoras, além da sua jornada semanal de 36 horas, em média, no mercado de trabalho, dedicavam cerca de 22 horas semanais aos afazeres domésticos, ao passo em que entre os homens tal dedicação era de 9,5 horas semanais, ou seja, 12,5 horas a menos", informou a OIT no levantamento.





Fonte: Do G1 MT

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