Arenápolis News - arenapolisnews.com.br
Variedades
Domingo - 09 de Março de 2014 às 16:18
Por: *JOSÉ ANTONIO LEMOS DOS SANTOS

    Imprimir


De aparência delicada, Zezé Polessa, 60 anos, cresce no palco ao viver a frustrada Martha em Quem Tem Medo de Virginia Woolf?, em cartaz no Rio de Janeiro. Clássico do teatro moderno, a peça se passa durante uma noite na qual a personagem e o marido, George, recebem um casal para um drinque no que se torna uma lavagem de roupa suja. Na peça, a atriz contracena com o ex-marido Daniel Dantas. O espetáculo tem assistência de direção de João Polessa Dantas, 31 anos, único filho deles, e conta no elenco com Ana Kutner, filha de Paulo José, com quem a atriz também foi casada. “O que conta é que a gente é da família. Apesar disso, um excesso de intimidade familiar às vezes atrapalha”, confessa.

Solteira, Zezé diz que até gostaria de ter um companheiro, desde que em casas separadas. “Morar junto não é a minha praia. Gosto do meu canto”, fala a atriz, que está longe da TV desde Salve Jorge, que chegou ao fim no ano passado. Durante a novela, ela passou por uma situação delicada ao ter sua conduta investigada na morte do motorista Nelson Lopes. Foi publicado que ele teria sido destratado por Zezé, enquanto prestava serviço para a TV Globo, e falecido em decorrência de um infarto logo em seguida. O caso foi arquivado, mas a mágoa ficou. “Criou-se um boato com uma situação mentirosa”, desabafa ela.

QUEM: No teatro, você interpreta Martha, uma mulher frustrada em seu casamento. Há alguma semelhança com você?

Zezé polessa: Sim. Em ser uma mulher que não quer se acovardar, se submeter, se conformar e achar que tem menos direito ou espaço. A agressividade e a violência dela são difíceis. O espetáculo termina e preciso ficar quieta. O casamento dos personagens é de cumplicidade, olho no olho. Eles aguentam tudo um do outro para ficar juntos. É uma grande história de amor, de impossibilidades e solidões.

QUEM: Martha tem medo de Virginia Woolf. E você?

ZP: Tenho medo de perder meus amigos, meu filho. Morro de medo.

QUEM: Como é fazer uma peça com seu filho, seu ex-marido e a filha de seu outro ex-marido?

ZP: O que conta é que a gente é da família, trabalha junto, mas porque um gosta do trabalho do outro, não só porque um gosta do outro. Apesar disso, um excesso de intimidade familiar às vezes atrapalha, vem uma coisa um pouco misturada, tem discussão em que você fala “isto aqui partiu do trabalho, mas isso é outro assunto, desacopla”.

QUEM: Pensou duas vezes antes de fazer a peça com seu ex-marido?

ZP: Sim, porque precisa de ajuda com a produção e ele não tem esse perfil. E fomos um casal que brigou bastante na época do início de vida. Falo brincando que hoje não brigo tanto com o Daniel, porque ele está muito melhor. Ele foi de uma dedicação impressionante, bato palmas para o Daniel todo dia.

QUEM: Como começou na carreira de atriz?

ZP: Considero a minha primeira peça um auto de Natal, que fiz aos 7 anos na escola. Eu era a Estrela d’Alva e estava tristíssima, achava que era o pior papel, queria ser Nossa Senhora. Minha mãe depois me falou que eu estava séria. Argumentei que era uma coisa muito séria o nascimento de Jesus (risos).

QUEM: Veio daí a vontade de atuar?

ZP: Adolescente, vi a montagem de Galileu Galilei do Teatro Oficina e fiquei louca. Queria estar no palco com aquelas pessoas, ser parte daquele mundo. Com 17 anos, fiz medicina para resolver a miséria do Brasil e salvar vidas e, também, porque eu tinha um tio, José Maria, que era cirurgião e operou minha mãe. Ele era um deus para mim.

QUEM: Quando viu que ser médica não era para você?

ZP: Desde o terceiro ano. Eu fazia teatro, recebia boas críticas. No sexto ano, dava plantão em pronto-socorro e resolvi que ia largar a faculdade, faltavam quatro meses para eu me formar. Meu pai falou: “A vida inteira você estudou em colégio público, você tem uma dívida com o Estado, tem que se formar”.

QUEM: É verdade que sua mãe a expulsou de casa?

ZP: Sim, mas não foi nada violento. Quando larguei a medicina, tive uma síncope, não sabia o que fazer. Foi nessa que minha mãe disse: “Não sei como te ajudar, você está muito fechada para a gente”. Ela fez isso para me dar um rumo e foi bom. Fui morar com um casal de amigos que tinha tido um bebê e mamãe me ajudava. Volta e meia, chegavam sacolas de comida, macarrão, arroz.

QUEM: Foi difícil criar seu filho ao mesmo tempo em que corria atrás do seu sonho?

ZP: Levava João para o teatro... Mas, na primeira novela que fiz, Top Model (1989), foi brabo. Naquela época, não tinha celular, minha empregada de confiança tinha ido embora. Sofri bastante. Lembro que no meio da gravação me trancava no banheiro e chorava, meu filho, meu Deus. Muitas vezes eu chegava tarde, e ele acordado me esperando.

QUEM: Você já estava separada?

ZP: Sim. Primeiro, me separei do Daniel de casa. Continuamos namorando mais uns dois anos e depois nos separamos mesmo.

QUEM: Essa experiência foi boa?

ZP: Nesses dois últimos anos, a gente namorava, terminava, voltava, mas quando eu comecei a namorar o Paulo foi muito sério e aí conseguimos cortar de vez. Com Paulo também morei em casa separada, sempre.

zezé (Foto: marcelo correa)

QUEM: Por quê?

ZP: Foi uma opção. João era bem mais novo que as filhas do Paulo, nós estávamos em momentos de vida com nossos filhos muito diferentes. Achei que não ia ser legal. Fui morar no mesmo quarteirão, às vezes dormia um na casa do outro, às vezes sozinhos. Fiquei com Paulo oito anos e, depois dele, nunca mais me casei. Estou solteira.

QUEM: Tem vontade de ainda ter um companheiro?

ZP: Ah, sim, mas morar junto não é a minha praia. Gosto do meu canto, é fundamental. Não que não se possa ter intimidade comigo, mas eu não tenho mais vontade de coisa que possa me esculhambar, sabe? Tenho vontade do amor como um descanso, aquela hora em que você encontra a pessoa para repousar no sentimento, na alegria daquele encontro.

QUEM: E nesse seu momento, o que é preciso para você embarcar em um relacionamento?

ZP: Não tenho a menor ideia. Cada vez entendo menos o amor e os encontros, tem vezes que é astral, outras é química, tem hora que passa alguém e o cheiro te pega. Não tem idade nem situação. Já namorei pessoas tão diferentes! Sinto vontade de ter alguém, mas não é uma coisa que você decida “hoje vou sair e arrumar um namorado”. Você pode sair, mas vai arrumar outras coisas, né?

QUEM: Você não aparenta a idade que tem. Como se cuida?

ZP: Gosto de saúde, de ter um corpo que não tenha dor. Fiz barbaridades como tirar maquiagem com sabonete e papel higiênico, esfregando os olhos. Já usei botox e fiquei com as sobrancelhas tortas. Faria plástica se tivesse pele sobrando. Também tenho um preparador físico que me botou para correr. Parei há uns meses, porque 2013 foi muito difícil pelo que aconteceu com o motorista Nelson.

QUEM: Como foi para você?

ZP: A situação me paralisou. Criou-se um boato com uma situação mentirosa, de que eu teria destratado seu Nelson na portaria do Projac, e não aconteceu isso. Falei com a família dele porque também perdi meu pai, sei como é a dor, e essa família ainda ficar achando que, no dia em que morreu, ele poderia ter sido maltratado por alguém é um sofrimento maior. Disse: “Não fiz isso com seu pai, por favor, não tenham esse sofrimento além do que vocês já estão sofrendo”. A decisão da Justiça foi de que o caso não procedia. Mas foi um ano bem difícil.






Fonte: Quem

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://arenapolisnews.com.br/noticia/93934/visualizar/