Oito em cada dez pessoas não têm controle total de gastos, diz pesquisa
Oito em cada dez brasileiros não tem controle total de suas despesas pessoais, segundo pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), divulgada nesta terça-feira (28).
O levantamento foi realizado com 656 consumidores de todas as capitais brasileiras, sendo que a margem de erro é de 3,8 pontos percentuais. De acordo com a pesquisa, somente 18% dos entrevistados têm conhecimento total sobre o quanto possuem de renda e de gastos. A maioria (71%) tem apenas "conhecimento parcial" de suas finanças e outros 10% têm "baixo ou nenhum" conhecimento.
Classe social
Os dados do levantamento mostram ainda que não há diferença significativa entre os estratos sociais. Entre os que têm renda domiciliar de até R$ 1.330,00, o conhecimento pleno é de 16%. Somente 15% dos que ganham entre R$ 1.331,00 e R$ 3.140,00 apresentam total conhecimento sobre as próprias contas e, dentre os que têm renda acima de R$ 3.141,00, o percentual sobe um pouco mais, para 23%, segundo o estudo.
Na avaliação da economista do SPC Brasil Luiza Rodrigues, os dados reforçam a ideia de que a educação financeira está ligada ao comportamento e não necessariamente à renda dos indivíduos. “É uma questão de hábito. Mais dinheiro no bolso nem sempre significa melhor comportamento financeiro, incluindo pagamento de contas, uso do crédito e hábito de compras”, avaliou.
Falta de disciplina
Mesmo entre os que sabem pelo menos um pouco sobre suas finanças (controle total ou parcial das contas), há uma parcela significativa (28%) de pessoas que não utiliza um método organizado e faz o controle financeiro apenas “de cabeça”. “É preocupante que um contingente tão expressivo da população não utilize um método sistemático para organizar as próprias contas”, alerta a economista do SPC Brasil.
Quando indagados sobre as dificuldades que enfrentam na hora de fazer o planejamento das contas, a maior parte dos consumidores alegou que a falta de disciplina para registrar todos os gastos (39%) é a principal dificuldade. Outras opções como unir todas as informações (29%), recordar todos os pagamentos que não constam no extrato bancário (28%), falta de tempo (23%) e não saber calcular taxa de juros (11%) também foram citadas pelos entrevistados.
Comportamento de risco
A pesquisa detectou uma série de comportamentos que demonstram a falta de planejamento dos consumidores. Mais de um terço dos brasileiros (36%), segundo os números, admitiram não saber o valor exato das contas que terá de pagar no mês seguinte. Já em relação aos gastos extras, a maioria (57%) também afirma não saber com precisão o quanto terão de desembolsar no próximo mês, fato que dificulta o planejamento e o controle financeiro do próprio orçamento.
Consequência direta da falta de conhecimento sobre as próprias despesas, 36% dos entrevistados afirmaram terem deixado de pagar ou terem pago com atraso alguma conta nos últimos 12 meses. "Faturas de cartão de crédito (31%) e despesas fixas, como água, luz e telefone (28%) se destacam como os principais compromissos que não foram pagos em dia", informaram o SPC Brasil e a CNDL.
Ainda sobre o comportamento dos entrevistados no pagamento de contas, quatro em cada dez (38%) brasileiros que possuem conta corrente em banco admitem ter entrado pelo menos uma vez no cheque especial nos últimos 12 meses – sendo que 30%, mais de duas vezes. O mesmo se repete entre os têm cartão de crédito. Pelo menos 40% deles já deixaram de pagar a fatura integral no último ano, sendo que 26% são reincidentes e atrasaram mais de duas vezes ao menos.
“O cheque especial e cartão de crédito são as modalidades que cobram os juros mais altos do mercado. O atraso no pagamento dessas contas tem consequências perigosas para o consumidor”, alerta a economia Luiza Rodrigues, do SPC Brasil.
Seis em cada dez (56%) entrevistados pelo SPC Brasil informaram que chegaram ao fim do último mês sem ter conseguido poupar nenhum centavo. Na avaliação dos especialistas do SPC Brasil, a constatação é reflexo da “cultura do imediatismo” que conduz o pensamento de boa parte dos brasileiros. De cada dez entrevistados, 36% admitem que costumam adquirir produtos mesmo não tendo condições de gastar, ainda que eventualmente.
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