Arenápolis News - arenapolisnews.com.br
Cidades
Quarta - 28 de Junho de 2023 às 17:57
Por: Por Amábile Monteiro*, g1 MT

    Imprimir


Membros da Casa Brown, de Cuiabá — Foto: House of Brown
Membros da Casa Brown, de Cuiabá — Foto: House of Brown

Para combater o preconceito e os ataques sofridos pela comunidade LGBTQIAPN+, o Dia Internacional do Orgulho é comemorado nesta quarta-feira (28), com o objetivo de demonstrar o sentimento de orgulho com relação às orientações sexuais e identidades de gênero. Em Cuiabá, o grupo Ballroom – movimento político que celebra a diversidade de gênero – se intensificou neste ano, no entanto, a atividade existe desde a década de 1960 na América do Norte.

Como forma de resistência e liberdade, o artista Alison Rodrigues Rangel fundou, em 2018, na capital mato-grossense, a 'Casa Brown' com o intuito de proporcionar uma rede de apoio e suporte para aqueles que, em algum momento da vida, foram discriminados pela sexualidade.


“Fundei a casa com o intuito de criar um espaço seguro, onde as pessoas possam se sentir acolhidas e respeitadas. Todos aqui apoiamos uns aos outros, até porque tem bastante membros que vivem longe da família. Acredito que se eu tivesse tido esse apoio que nós fornecemos, minha realidade poderia ter sido diferente”, contou.
  • Alison Rodrigues Rangel, fundador da Casa Brown — Foto: House of Brown

Alison Rodrigues Rangel, fundador da Casa Brown — Foto: House of Brown

Alison contou ao g1 que a casa, que possui mais de 20 membros, não só atua de forma motivacional, como também realiza uma série de atividades e oficinas que visam capacitar artisticamente e profissionalmente as pessoas da comunidade.

“Estamos realizando oficinas de dança, maquiagem, figurino, rodas de conversa e, também, preparação para o mercado de trabalho. Além da discriminação que sofremos, muitos não possuem capacitação ou certificação profissional, o que torna o nosso trabalho mais importante ainda. Nós não queremos sobreviver, queremos qualidade de vida”, ressaltou.

Segundo Alison, a comunidade nasceu com a necessidade de representar os corpos pretos e fora do padrão e, de forma geral, de pessoas queer – temos em inglês que significa “estranho” –, usado para representar aqueles que não se identificam com padrões impostos pela sociedade e transitam entre os gêneros.

“Independentemente do gênero, da cor ou da raça, ouvimos uns aos outros e contamos sobre nós mesmos. Fazemos isso porque somos um povo socialmente massacrado, que já vivenciou diversas situações de racismo e transfobia, de forma que nossos corpos foram apontados como marginalizados”, pontuou.
Carnaball, competição de best dress - melhores vestidos - realizado em Cuiabá — Foto: Dizão fotografia

Carnaball, competição de best dress - melhores vestidos - realizado em Cuiabá — Foto: Dizão fotografia

A travesti Luisa Lamar também foi vítima de preconceitos e a situação foi tão grave que ela viveu, durante 10 anos, em isolamento social. Ela, também, é representante de uma casa Ballroom, chamada Ilé Àse Sagrada, que significa “casa de benção” e é originário de religiões de matriz africana.

“Enfrentei muitas dificuldades em minha vida, mas a maior delas, com certeza, foi ser uma travesti em Mato Grosso, um dos estados do Brasil que mais mata pessoas LGBTQIAPN+. Temos medo pois estamos sujeitos ao assédio a todo momento. Se tornou comum a gente ‘mendigar’ oportunidades de emprego, para conseguir uma vida básica. É importante que as pessoas se eduquem sobre nós para que essas situações se tornem menos rotineiras”, disse.
Membros da casa Ilé Àse Sagrada — Foto: Dizão Leão

Membros da casa Ilé Àse Sagrada — Foto: Dizão Leão

De acordo com Luisa, um dos motivos que a levou a criar a comunidade, além de levar acolhimento e conforto aos participantes, foi, também, a tentativa de se desvincular dos estereótipos criados pela cultura norte-americana.

“Por mais que o movimento tenha sido criado por eles [norte-americanos], temos que mostrar que somos mais do que pessoas vítimas de violência, do racismo e machismo. Somos militantes e ativistas que estamos sempre lutando, desde o nascimento, a favor da igualdade, do respeito e de um espaço na sociedade”, ressaltou.

🏳️🌈 Dia do Orgulho

Bandeira LGBT — Foto: Pixabay

Bandeira LGBT — Foto: Pixabay

O mês de junho é dedicado ao orgulho LGBTQIAPN+ porque foi nesta época do ano de 1969 que a polícia invadiu um bar frequentado por membros da comunidade, em Nova York, chamado Stonewall. O episódio deu origem a uma série de protestos e, em junho do ano seguinte, surgiu a primeira grande parada LGBTQIA+, conhecida como "Libertation Day".


Cultura Ballroom 🏳️🌈

O Ballroom é um movimento político que celebra a diversidade de gênero, sexualidade e raça, unido pessoas pretas, latinas e LGBTQIAPN+, como forma de resistência e liberdade.

O movimento é composto por casas que buscam remeter à estrutura de uma família, tanto em questões de afeto e acolhimento, quanto hierárquico, ou seja, são liderados por “mães” e “pais”.

O Ballroom ainda possui uma dança própria de empoderamento e luta chamada “Voguing”, que surgiu na época em que pessoas da comunidade queer eram presas pela sexualidade e é baseada em poses de modelos da revista mundial de moda Vogue.

*Sob supervisão de Kessillen Lopes





Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://arenapolisnews.com.br/noticia/107224/visualizar/