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Opinião
Quarta - 19 de Abril de 2023 às 04:27
Por: Giovana Fortunato

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A boa nutrição para gestantes é responsável por boa parte da sua saúde e de seu bebê, quando acompanhada de hábitos saudáveis e exercícios físicos regulares.

A importância da qualidade da alimentação na saúde da mulher é parte fundamental do cuidado feminino, mas para isso é importante entender que comer de forma saudável não significa fazer dietas restritas, mas sim ter uma alimentação que garanta nutrientes essenciais em todas as fases da sua vida.

Em 2020, das gestantes acompanhadas na Atenção Primária à Saúde (APS) do Sistema Único de Saúde (SUS), 51,9% apresentavam excesso de peso (que compreende o sobrepeso e a obesidade); e 76% consumiram algum alimento ultraprocessado no dia anterior da entrevista, segundo o Relatório Público do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional.

A má alimentação está no topo do ranking dos fatores de risco relacionados à carga global de doenças no mundo, sendo o que mais contribui para a mortalidade. A melhoria nas condições alimentares da população pode prevenir uma em cada cinco mortes no mundo.

Ao investir em recomendações alimentares acessíveis para a população, o Ministério da Saúde reforça o compromisso com a promoção da saúde e com o desenvolvimento de políticas, ações e programas de qualidade.

O protocolo defende que na gestação é particularmente relevante o cuidado com a alimentação. O consumo de uma grande variedade de alimentos in natura e minimamente processados, além da ingestão de água, é uma das principais recomendações, pois ajudam a suprir a necessidade de nutrientes fundamentais para esse evento da vida, como ferro, ácido fólico, cálcio e vitaminas A e D.

A alimentação saudável durante a gravidez favorece o bom desenvolvimento fetal e a saúde e o bem-estar da gestante, além de prevenir o surgimento de agravos, como diabetes gestacional, hipertensão e ganho de peso excessivo.

As mulheres possuem peculiaridades, construídas ao longo da história, as quais tornam necessária uma atenção diferenciada no cuidado com a alimentação na saúde da mulher.

A alimentação adequada ao longo do período gestacional exerce papel determinante sobre os desfechos relacionados à mãe e bebê. Contribui para prevenção de uma série de ocorrências negativas, assegura reservas biológicas necessárias ao parto e pós-parto, garante substrato para o período da lactação, como também favorece o ganho de peso adequado de acordo com o estado nutricional pré-gestacional. Ressalta-se que a inadequação do ganho de peso durante a gestação tem sido apontada como fator de risco tanto para a mãe quanto para a criança, contribuindo para a elevação da prevalência de uma série de problemas.

As refeições devem contemplar todos os grupos alimentares existentes. A gestante deverá ingerir vegetais (folhosos e legumes), frutas, carne bovina, frango, fígado (uma vez por semana), ovos e peixes (sardinha, salmão, atum, pescada, cavalinha), leguminosas (feijão, grão de bico, lentilha, ervilha), cereais (arroz integral, batata, milho, entre outros), azeites (de preferência extra virgem), leite e derivados do leite (fora do horário do almoço e jantar).

As carnes deverão ser assadas, grelhadas, ensopadas ou cozidas, evitando as frituras. Recomenda-se não ingerir gordura vegetal hidrogenada, que pode comprometer o crescimento e o desenvolvimento fetal. As refeições devem ser distribuídas em seis vezes ao dia: desjejum, colação, almoço, lanche, jantar e ceia. Os intervalos em média são de três horas entre uma e outra refeição.

A gestante deverá ter acompanhamento nutricional no pré-natal, para avaliação do estado nutricional, detecção de possíveis inadequações dietéticas, desmistificação de mitos e realização da educação alimentar e nutricional. As consultas devem ser iniciadas, preferencialmente, no primeiro trimestre da gestação.

É importante entender que a alimentação é a base para que o nosso corpo funcione corretamente, aliada a outros hábitos saudáveis, como a prática de atividade física, o controle do estresse e a realização de exames periódicos. Assim é possível ter e gerar mais saúde e qualidade de vida.

Giovana Fortunato é ginecologista e obstetra, professora do HUJM e especialista em endometriose e infertilidade no Instituto Eladium



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