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ONOFRE RIBEIRO
Sábado - 22 de Março de 2014 às 12:16
Por: Onofre Ribeiro

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No correr desta semana, a sonolenta Câmara de Vereadores de Cuiabá prestou tardia homenagem às mulheres, pelo seu dia internacional, e lá houve a palestra de uma defensora pública do estado. Segundo ela, todas as vezes em que uma pessoa vítima de assalto, de uma violência de qualquer tipo se cala por achar que o agressor é pobre e não teve chances da educação e das oportunidades no mercado de trabalho, ela se torna conivente com a violência.

Segundo a defensora, a educação preparar os transgressores para o mercado de trabalho é dever do Estado, assim como é dever do estado puni-los a partir da denúncia. Na teoria e na filosofia do papel do Estado ela está correta. Mas na prática desse Brasil desumanizado e transformado numa penitenciária a céu aberto, é pura utopia.

 O cidadão se prende dentro de casa, o bandido domina as ruas e os que estão presos dominam os que estão soltos manipulando-os de dentro das cadeias e dos presídios. Ah! Com a completa conivência do Estado através dos seus agentes da área prisional e de segurança, por ação ou por omissão.

Nesta semana um amigo fazendeiro da região da Serra de São Vicente, município de Cuiabá, contou-me que teve gado roubado em sucessivos assaltos. Descobriu que o assaltante era um empregado e descobriu, também, quem era o receptador. 

Foi à delegacia de polícia civil registrar a ocorrência no espírito de que a região entendesse que ele reagiria dentro da lei contra aquele tipo de violência. Na delegacia foi extorquido pelos policiais sob a alegação de falta de combustível, de dinheiro para as diárias da investigação, de baixo salário, etc. O ladrão foi chamado e o receptador também à mesma delegacia, e, pasmem: também foram extorquidos. A investigação não andou e os policiais, o ladrão e o receptador terminaram felizes. O fazendeiro posou de bobo. “Nunca mais entro numa delegacia de polícia”, desabafou no final da nossa conversa.

Volto à senhora defensora pública com o seu discurso legalista. Como fica, se os agentes do Estado, em, grande maioria, estão corrompidos, omissos e nem aí pra cidadania?

Tanto pior, quando o inquérito, um em mil, chega ao Ministério Público, e os promotores repetem o discurso em favor do “coitadinho” que não teve chances na educação, etc.etc. Do lado de cá, policiais, promotores, magistrados, agentes penitenciários e toda a escala de gente ligada à segurança é agente do Estado e age indiferente ao cidadão? Mas podemos ficar tranquilos, porque a Constituição nos garante que a nossa segurança institucional e pessoal é dever do estado...viu?

ONOFRE RIBEIRO é jornalista em Mato Grosso




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