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Opinião
Sábado - 20 de Novembro de 2010 às 17:40
Por: Dirceu Cardoso Gonçalves

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O crime é migrante. Quando a polícia aperta o cerco nas suas áreas de maior incidência, os criminosos mudam o alvo, o local e o “modus operandi”. Deixam, por exemplo, de roubar bancos e passam a assaltar joalherias e shoppings, param de agir na “saidinha de banco” e invadem residências e estabelecimentos, seqüestram ou extorquem suas vítimas. Tudo é uma questão de facilidade e, principalmente, de vulnerabilidade do alvo. Nas periferias o crime mais comum é contra a vida e nas áreas ricas prevalece a ação contra o patrimônio. Tudo isso, no entanto, é tendência. Nada matemático. Tanto pode o cidadão ou empresário previdente acabar roubado, seqüestrado e até morto, e o imprevidente, por pura sorte, nunca ser incomodado.

A experiência tem demonstrado que, além dos cuidados básicos, o cidadão e principalmente o empresário e o poder público, têm a tecnologia como aliada forte e cada dia mais disponível. As câmeras de monitoramento, indispensáveis no planejamento de segurança, hoje, além da prevenção,  facilitam em muito a ação das polícias na caça aos delinqüentes. As gravações dos circuitos de bancos, estabelecimentos e condomínios proporcionam a identificação e prisão dos agressores. Falta agora é o desenvolvimento governamental, de uma logística de atuação instalando câmeras em vias públicas para a proteção de pessoas e estabelecimentos. Isso equivale a integrar, ampliar e administrar os diferentes sistemas de segurança já existentes.

Hoje estão disponíveis no mercado, a preços compatíveis, sistemas capazes de monitorar com grande confiabilidade as ruas, passagens e o interior de estabelecimentos. Também ocorrem experiências de união da polícia com o empresariado para a instalação de sistemas. Mas são experiências isoladas e custeadas por rateio com prefeituras, entidades e cidadãos interessados em manter a segurança. Deveriam fazer parte de programas de governo e dispor de aporte de recursos públicos para sua instalação e manutenção. Há que se lembrar de que a segurança é um dos direitos sociais da população, determinado pela Constituição! (art. 6º).

Quando todas as vias públicas – a começar pelas mais movimentadas – estiverem monitoradas, com o registro de onde vêm e para onde vão as pessoas, as polícias poderão fazer o seu trabalho a partir da observação das imagens e só intervir no momento exato dos crimes. Gravadas, as imagens poderão ser comparadas aos álbuns e outras gravações de criminosos, apoiando as investigações. E, como resultado principal, o próprio ladrão evitará a área pois saberá da dificuldade de sucesso em sua empreitada.

A maioria das câmeras hoje instaladas nas vias públicas brasileiras têm a finalidade de punir o cidadão. Multam o motorista que comete infração. O poder público as mantém com a justificativa de oferecer segurança ao trânsito, mas o equipamento acaba servindo como meio de arrecadação suplementar. O sistema deveria ser empregado na defesa do cidadão. Além de “ver” as barbeiragens dos motoristas, deveria ver quando ele é assaltado ou incomodado. Não é possível colocar um policial em cada esquina, mas uma câmera ali instalada é capaz de oferecer a visão do local por 24 horas e ainda render material gravado para o serviço de inteligência policial. 

A obrigação de promover a segurança é do poder público. Mas, na sua omissão, o empresariado já tem investido e, com certeza, deverá fazer tudo ao seu alcance, pois a escalada do crime não permite esperar a boa vontade governamental.  O ideal é que façam o que lhe for inadiável e pressionem as autoridades para que o Estado responda com sua parcela e finalmente, assuma o trabalho.  Suas vidas, sonhos e patrimônio estão em jogo e a solução pode estar na câmera e num bom sistema integrado...


Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
aspomilpm@terra.com.br  



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