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Opinião
Quarta - 04 de Maio de 2011 às 11:14
Por: Lourembergue Alves

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Queda de braços interminável. Os dois ex-presidentes demonstram ter uma resistência de causar inveja a qualquer adolescente. Aliada a força de vontade fora do comum. Pena que tais predicados são utilizados tão somente para massagear os egos deles próprios. Ranzinzas, fazem da mídia seus palanques permanentes e do eleitorado, a platéia necessária.

Quadro enfadonho. Agravado quando se percebe a falta de interesse de ambos com os temas considerados sérios e relevantes para a nação. Mais ainda por parte do ex-sindicalista, que prefere se posar de “estadista” e autodenominar “maior” administrador público federal, uma vez que “mudou a cara do país”, pois “nunca na história desse ...” e por aí vai a sua retórica desprovida de conteúdo; enquanto o sociólogo, lá do alto de sua “arrogância acadêmica”, em respostas as “críticas” do “seu opositor” sobre o artigo “o papel da oposição”, que escrevera recentemente, fez o seguinte desafio: “O Lula, lá de Londres, refestelado na sua vocação nova, ainda se dá ao direito de gozar que estudei tanto tempo para ficar contra o povo. Ele se esquece que eu o derrotei duas vezes e quem sabe ele queira uma terceira, eu topo”.

Desafio desnecessário. Até porque não parece que a população esteja interessada em uma disputa entre FHC e Lula pela presidência da República. Mesmo que a população torcesse para ela acontecer, não seria “uma boa” para os oposicionistas que, com tal disputa, cometeriam suicídio político coletivo.

De todo modo, no entanto, continua a briga entre os dois ex-presidentes. Briga que não tem data para terminar. Sobretudo, agora, com o uso do livro didático, pago com dinheiro do contribuinte e o aval do MEC. O “Nova História Crítica”, por exemplo, no dizer de Ali Kamel, faz propaganda política eleitoral do PT. Partido que “chegou ao poder com a responsabilidade de” “manter a inflação sob o controle e combater a desigualdade social no Brasil, onde 54 milhões de pessoas vivem em situação de pobreza”.

Mais recentemente, a Folha de São Paulo (01/05) traz a seguinte denúncia: “Livros aprovados pelo MEC criticam FHC e elogiam Lula. Obras atacam privatizações feitas pelo tucano e minimizam o mensalão”. O livro “História e Vida Integrada”, além de enumerar problemas do governo FHC, cita denúncias de compra de votos no Congresso para a aprovação da emenda que permitiu a recondução do tucano à presidência, somadas a uma lista de dados negativos, e, escondido no meio desses dados, um positivo: as melhorias na educação e a Lei de Responsabilidade Fiscal. Diferentemente do que é veiculado a respeito do governo Lula, pois evidencia a “inovação no estilo de governar”, enquanto ao mensalão é destinado um espaço insignificante, escamoteado que é por uma série de dados positivos. Aliás, o mensalão não aparece em vários livros, os quais destinam espaços para as críticas à política de privatizações, e em “História em Documentos”, a eleição de FHC é atribuída “ao sucesso do Plano Real” e “a aliança com políticos conservadores”, cuja trajetória está marcada com a sustentação da ditadura. “Quando o assunto é o governo Lula, valoriza a luta do PT contra a ditadura e apenas cita que o partido fez concessões ao fazer alianças com siglas adversárias”.

Não se deve exigir neutralidade de escritor algum, mas seu comprometimento com a verdade. Ainda que esta não seja a apregoada por quem compra o fruto de seu trabalho. Afinal, é tarefa primeira do MEC contribuir com a formação educacional dos jovens, sem que para isso venha favorecer ou a FHC ou a Lula. Políticos que insistem em não sair do palanque, e fazem do bate-boca que trocam oxigênio para seus próprios egos, e alimento para suas vaidades. 
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.
 



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