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Opinião
Sexta - 06 de Maio de 2011 às 17:46
Por: Lourembergue Alves

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O filme é antigo. Muda-se o protagonista. Não o “script”, nem o cenário. Diante de coadjuvantes cabisbaixos e perdidos em meio às cenas desencontradas, cujo enredo nada tem a ver com o apresentado nas eleições de 2008. Aquele “vendia” coerência, ladeada com a promessa de continuidade ao que se encontrava já em ação, e a transparência. Detalhes ausentes na bagagem tanto do vice-prefeito-candidato como do candidato-democrata. Este, aliás, saiu de uma disputa interna complicada e ganhou força com a saída do palco de outro concorrente – mais ao gosto da população. Retirada sem explicação e recheada de diz-que-diz-que. Diante disso, o várzea-grandense não teve dúvidas, preferiu renovar o contrato de trabalho do então prefeito. 
 
Parecia ser a melhor das opções. E era. Até que apareceram as primeiras denúncias. Estas, no entanto, inicialmente ignoradas pela Câmara Municipal. Embora aceitas como procedentes pelo Ministério Público Estadual. Aceitação reforçada pelo parecer do Tribunal de Contas, o qual identificou dezenas de erros na prestação de contas do município referente a 2009. 
 
Foi, então, que os vereadores – equidistantes e alheios as vontades populares – resolveram agir. Agiram levados pela pressão externa e pelo próprio interesse político-eleitoral, sem quaisquer cuidados com as regras. Isso explica o imediato afastamento do prefeito e do vice-prefeito, numa afronta ao direito de defesa, ao contraditório e ao tramite legal das investigações. Investigações que se iniciaram a partir da posse do presidente da Casa Legislativa local no comando da prefeitura. Nesta condição, o vereador-prefeito mais falou que de fato realizou – exceto quando se valeu da caneta, no dizer de alguns munícipes, para demitir adversários tachados de funcionários que não trabalhavam.  
 
Os fantasmas, no entanto, continuavam a perambular nos corredores do Paço de Couto Magalhães. E ainda por lá permanecem. Pois, no espaço de sessenta e quatro dias, o leme da administração pública municipal mudou de mão em várias oportunidades. O vereador-prefeito, por conta de uma liminar, cedeu o lugar para o vice-prefeito, que havia sido substituído na chefia do Executivo por aquele, no dia 3 de março. Agora, mal se ajeitava na cadeira do chefe, empolgado por ter nomeado doze novos secretários – incluídos entre eles dois integrantes do Parlamento -, outra decisão judicial, desta feita contrária a sua permanência no posto, permitia que o prefeito eleito retomasse suas funções. Não se sabe até quando. Pois, o instrumento jurídico, e até político, passou a ser uma arma bastante eficaz, porém não duradouro, na tomada do poder de mando em Várzea Grande. 
 
Vive-se, portanto, em tempos de gangorra político-jurídica. Própria dos grandes episódios cinematográficos. Mas de consequências desastrosas para a cidade e seus habitantes – insegurança, instabilidade e paralisia administrativas.
 Merecem melhor sorte. Isso, contudo, não lhes safa da culpa. Pois havia outros nomes nas listas das candidaturas, e das ditas listas terem tirados protagonistas diferentes, ou pelo menos com promessa de atuação melhor.
 
Além disso, a população não deve fazer vistas grossas às ações dos vereadores, do vice e do prefeito. Cobrança, fiscalização e reivindicação fazem parte das tarefas cívicas do cidadão – responsável também pela estampa fotográfica citadina.  
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.  
 


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