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Opinião
Quinta - 19 de Maio de 2011 às 08:24
Por: Kleber Lima

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Na semana passada prometi tratar do tema comunicação pública quando analisava as possibilidades que se abrem para o prefeito Chico Galindo. De lá para cá, houve a novidade da parceria entre prefeituras de Cuiabá e Várzea Grande com o Governo do Estado, para que este assuma a gestão dos prontos socorros das duas maiores cidades de Mato Grosso. Fato relevante que merece também umas pinceladas.

Há décadas que os prefeitos das duas cidades, especialmente da Capital, justificam sua incapacidade de tocar a contento a saúde pública na Grande Cuiabá na justificativa de que a região atende pacientes de todo o Estado – e até de estados vizinhos.

De sua parte, o Governo sempre diz que faz repasses generosos para o SUS de Cuiabá, que, por ter gestão plena do sistema, deveria encontrar na sua própria gestão a solução para o caso. Claro que a discussão sempre era politizada demais, até porque o tema era tratado mais constantemente em período eleitoral.

De uma forma ou de outra, ao que tudo indica nem governo estadual nem governos municipais se satisfizeram mais com essas muletas ou desculpas para empurrar o problema pra frente. O colapso no sistema de saúde estourou nos colos de Chico Galindo, Murilo Domingos e Silval Barbosa. Ainda bem que eles decidiram assumir o problema em vez de, simplesmente, protelá-los.

Já se a alternativa de transferir a gestão para as OSS é a mais adequada ou não, a mim me parece uma discussão menor nesse momento. A primeira lei do SUS é a universalização do acesso. Se a parceria com OSS garantir pelo menos esse fundamento, já teremos um grande avanço na saúde pública da capital.

Voltando à comunicação, o que penso é que nesses casos de crise – crise dos buracos, crise da saúde, crise do lixo, crise do pac, crise da sanecap, etc – a comunicação faz-se notar mais objetivamente. Ou sua ausência.

A comunicação é a base da sustentação do político ou governante moderno. A sociedade está mais vigilante do que nunca. Exige mais explicações. Em alguns casos, exige ser convencida para aceitar determinados processos. Logo, é um engano grosseiro dos líderes que acham que podem impor algumas medidas de cima para baixo. O diálogo franco e aberto acaba sendo a melhor solução. E comunicação é um instrumento poderoso para o estabelecimento dessa relação.

No caso da saúde, Pedro Henry acertou ao iniciar sua gestão no Estado admitindo que a saúde estava caótica. Pois estava mesmo. As primeiras reações ao seu modelo de gestão conseguiram apenas confirmar o que ele tomou a iniciativa de dizer.

Mas, dizer a verdade não basta. É preciso ter paciência e disposição para ouvir também. E isso implica em abrir o diálogo, “perder tempo” às vezes, como se em democracia isso fosse possível. Agora, de novo, depois da primeira rodada de negociações entre governo do Estado, prefeituras e poderes acerca da “estadualização” dos dois prontos socorros, é a hora de abrir ao máximo esse canal de diálogo com a sociedade. Ficar roucos de tanto ouvir. A sociedade tem essa necessidade de desabafar, expor o que pensa. Quando isso ocorre, os ânimos serenam, e daí começa-se um processo mais profícuo e sensato, com isenção de ânimos, de busca de soluções.

De novo, a comunicação é peça fundamental nessa perspectiva de construção social, coletiva. Mas, comunicação social, franca, honesta, sem salamaleques ou invencionices. Líderes devem entender que quando a comunicação não toma parte na solução dos seus problemas, seguramente tomará parte apenas nos seus problemas. 

(*) KLEBER LIMA é jornalista, consultor de marketing e Diretor do Site Hipernoticias. E-mail: kleber@hipernoticias.com.br
 



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