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Opinião
Terça - 07 de Fevereiro de 2012 às 09:06
Por: Onofre Ribeiro

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A propósito do artigo publicado no último domingo neste jornal, recebi muitas manifestações acrescentando sugestões e posicionamentos. Por isso volto ao tema. Recentemente o jornal “Valor Econômico” trouxe na sua revista dominical um estudo bem aprofundado e desapaixonado sobre o movimento econômico e social das drogas no mundo. É coisa muito séria e pode se dizer até, que as drogas fazem parte de uma transição de modelo civilizatório. Talvez, um efeito estressado da transição do século 20 para os novos paradigmas econômicos, sociais, políticos e espirituais do século 21. Mas isso é conversa pra outro artigo.

Neste eu gostaria de tratar de um tema conexo. Faz muito tempo acompanho o perfil dos criminosos e dos delinquentes noticiados na mídia. É gente na faixa etária inferior a 30 anos. Portanto, são jovens a quem faltou alguma coisa na formação básica. Tanto é verdade, que as infrações estão espalhadas em todos os níveis sociais, da classes A a todas as demais. Mas ao contrário do que se pensa, tem me impressionado muito é a falta de medo da ação policial, da prisão e da justiça. Criou-se aí numa zona cinzenta na cabeça dos jovens dizendo que podem tudo e que faz parte da normalidade.

Contudo, existe outra coisa que está parecendo pior e é mais grave. Tenho lido todas as notícias de confrontos entre marginais e a polícia. Nos sites, onde praticamente todos são noticiados, existe espaço pra comentários sobre as notícias. Um fenômeno é perceptível. Quando jovens ou marginais são feridos, os comentários são unânimes e em grande quantidade estimulando os policiais e apoiando-os à luta armada contra assaltantes, assassinos, estupradores e afins. Nos últimos meses os comentários tem sido muito violentos nesse sentido. Lamenta-se abertamente que os policiais não tenham conseguido matar os bandidos.

Isso é o mais claro sinal de uma guerra civil em andamento na sociedade de Mato Grosso. Quando os iguais passam a se odiar, os enfrentamentos tornam-se banais. Aliás, já estão banais. Ora, pressionado por uma justiça que alimenta a impunidade, pressionados pelas sucessivas libertações de ladrões de bancos, de assaltantes, de estupradores e de outros criminosos, a margem da racionalidade policial diminui muito. Se a sociedade estimular, o risco de começarmos uma guerra civil é fatal. Os bandidos sabem que serão soltos por qualquer advogado de porta de cadeia e que poderão voltar ao crime. Sentem-se poderosos na sua ignorância dos valores sociais e já não tem medo de nada e de ninguém.


É esse o clima que está crescendo entre nós. Justiça feita com as próprias mão nunca foi uma boa conselheira, porque repor a ordem no lugar ficará muito difícil mais tarde. Como se vê, as coisas são muito mais sérias do que parecem, dentro de uma sociedade paralítica!

 

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso

onofreribeiro@terra.com.br

 



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