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Opinião
Segunda - 13 de Fevereiro de 2012 às 21:24
Por: Lourembergue Alves

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“Com um de seus parlamentares ocupando cada vez mais espaço na política nacional, Mato Grosso tem a oportunidade de deixar de ser periferia do país”. Esta frase chegou, recentemente, a esta coluna. Seu emissor, no entanto, talvez por descuido ou pressa, esqueceu de fazê-la acompanhar de fundamentação. Detalhe necessário. Ainda que a intenção do então missivista tenha sido apenas de divulgar a dita afirmação. Divulgá-la com o objetivo de desviar o foco do noticiário local, ao mesmo tempo em que supervaloriza o desempenho do referido congressista.

 Estratégia bastante usual. Antiga, mas muito eficaz. Desde que utilizada com habilidade e competência. Independentemente da ideologia adotada ou das cores partidárias. As páginas da história, aliás, estão repletas de exemplos em que tais “apelos” surtiram muitíssimo efeito. Inclusive por gente ligada à direita, como também à esquerda, com passagens inclusive pelo centro. Ainda que o pêndulo permanecesse inconstante. Até porque não é a situação do pêndulo que impulsiona as pedras de xadrez da política. Estas se movem, na maioria das vezes, por causa dos interesses particulares. Daí a enorme repercussão que se dá à simples “eleição de líder de uma dada sigla no Congresso”. “Eleição” ou escolha que, a princípio, não traz benefício algum a unidade da federação que pertence o dito parlamentar, agora empossado de “líder”. Por mais que haja alguém, e, certamente, não faltará quem aproveita a oportunidade para valorizar em demasia o posto conquistado, com a ladainha de que tamanha proeza igualmente promove o Estado de Mato Grosso – já em visibilidade positiva, graças às ações do referido político quando se encontrava à frente da administração pública regional. 

 Ocorreram, é verdade, avanços no período. Até mesmo em razão de tudo que foi anteriormente herdado. Os avanços obtidos, porém, não podem servir de véu para abafar as denúncias veiculadas, que têm aquele mesmo período como cenário, tais como “cartas de crédito”, maquinários e enriquecimento de ex-secretários. Denúncias que carecem ser, de uma vez por todas, esclarecidas. Até lá, porém, se sabe de antemão que o Estado mato-grossense atravessa hoje a sua pior crise financeira, desde 1994. Não tem dinheiro para quitar dívidas com muitos de seus fornecedores, falta “grana” para os investimentos e corre sério risco de ficar sem caixa para pagar os salários dos funcionários. Essa situação, evidentemente, não pode ser explicada com a tese de que a equipe econômica se equivocou ao majorar a arrecadação de 2011, e, por conta disso, elevaram em 13% os repasses para os poderes. 

 Quadro que deveria ser objeto de análise de todos os analistas, além de tema de textos para a imprensa, blogs e sites, bem como de discussões no plenário do Legislativo. Antes que estes espaços sejam todos tomados por frases de efeito, as quais servem tão somente para supervalorizar as conquistas particulares. Pior ainda quando se querem atribuir a elas um papel que, obviamente, elas não têm, nem aparentam ter. Como se o “sair do estágio de periferia” dependesse unicamente das ações de uma pessoa, e, a partir desta, “subverter a ordem de desenvolvimento atualmente voltada para as regiões Sul e Sudeste”.

 Subestima, assim, a inteligência da maioria da população. Mais ainda de quem tem como prática diária fazer as leituras devidas do cotidiano político, social e econômico. Condição privilegiada. Sobretudo quando não se está comprometido com as vontades de determinados caciques.  
Lourembergue Alves é professor universitário, analista político e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.    
 


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