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Opinião
Terça - 24 de Abril de 2012 às 22:35
Por: Rui Prado

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Em minhas viagens ao interior de Mato Grosso tenho a oportunidade de ver de perto o desenvolvimento da pecuária leiteira nos principais municípios produtores. Embora seja uma importante cadeia produtiva geradora de emprego e renda em nosso estado, infelizmente, ainda carece de pesquisa, mão de obra qualificada, apoio técnico e investimento financeiro.

A Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) deu um importante passo com a publicação do primeiro Diagnóstico da Cadeia Produtiva do Leite de Mato Grosso, lançado no último dia 19 de abril. Este trabalho foi desenvolvido pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) e só foi possível graças ao apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT), do Serviço Nacional de Aprendizagem em Cooperativismo de Mato Grosso (Sescoop-MT) e da Associação dos Produtores de Leite (Aproleite-MT).

Além de um importante passo, o consideramos acertado, pois somente com um raio-X da produção leiteira será possível elaborar um projeto específico que alcance os resultados tão almejados pelos produtores. Os subsídios levantados neste estudo permitirão que os trabalhos das diversas entidades sejam coordenados e complementares. São informações essenciais para os produtores, a sociedade e o poder público que orientarão esta produção, ainda tímida no estado, mas essencial para as economias local e nacional.

Mato Grosso responde por 2,3% da produção nacional de leite, ocupando a 10ª posição no ranking brasileiro. Esta participação, apesar de pouco representativa, demonstra os desafios que ainda temos que enfrentar para tornar este setor mais atrativo e desenvolvido no estado.

Temos 20,9 mil propriedades leiteiras que produzem em média 92,6 litros de leite por dia. Neste estudo, conseguimos identificar o perfil do produtor de leite de Mato Grosso. Um dado que me chamou a atenção foi que boa parte deles dedica em média 14 anos de vida nesta atividade. Isso demonstra a persistência e a vocação que estes produtores têm, mesmo diante das dificuldades, para proporcionar à população um dos alimentos mais importante para a saúde humana.

Assim como na vida e em toda atividade econômica, temos que buscar soluções para superar algumas dificuldades. Uma delas é identificar alternativas que estimulem os filhos destes produtores a permanecerem na propriedade rural. A pesquisa mostra que, apesar da administração e da mão de obra da propriedade serem essencialmente familiar, apenas 40% dos filhos querem continuar neste ramo.

Outra informação que merece atenção é a falta de crédito rural e as deficiências nas informações técnicas repassadas aos produtores. Estes foram alguns problemas apontados pelas pessoas entrevistadas na pesquisa. Neste caso, cabe a nós, entidades, e aos órgãos oficiais de assistência técnica promover mais cursos de qualificação profissional. Além disso, os agentes financeiros precisam reconhecer a importância desta cadeia produtiva e facilitar o acesso ao crédito, com juros baixos, para estimular este setor.

Mato Grosso tem condições de fazer da cadeia leiteira uma das atividades econômicas mais promissoras da região Centro-Oeste e, por que não, do país. Basta nos organizarmos, como já começamos com a formação da Aproleite, a divulgação deste diagnóstico e os cursos que oferecemos pelo Senar-MT. Os números estão aí e comprovam que, além da soja, milho, algodão e bovinocultura de corte, Mato Grosso pode e deve contribuir para o crescimento da produção de leite no estado.

RUI PRADO é produtor rural e presidente do Sistema Famato (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso).
ruiprado@famato.org.br 



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