Arenápolis News - arenapolisnews.com.br
Opinião
Quarta - 02 de Maio de 2012 às 13:28
Por: Sandro Arquejada

    Imprimir


Em meio a uma conversa tensa com os fariseus, Jesus lhes diz: “Meu Pai continua trabalhando até agora, e eu trabalho também” (Jo 5,17).
 
Cristo assim discursa devido a interpretação errônea sobre o preceito de guardar o sétimo dia. O que aqueles homens de seu tempo protestavam era que Jesus devolvia a dignidade das pessoas, curando e perdoando em dia de sábado, como se assim Jesus infligisse a ordem divina de santificar e descansar nesse dia. Com vistas cegas ao cumprimento da lei, os fariseus não viviam o verdadeiro significado do Dia do Senhor.

O descanso e o culto, no último dia da semana, foram instituídos para antes de tudo, relembrar o ser humano de sua filiação, identidade e participação na obra divina. “O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado”(Mc 2, 27), argumentava Jesus.

Ao referir que Deus Pai ainda continua trabalhando, Cristo revela que os elementos do universo continuam em curso para atingir a perfeição. A voz de Deus, o “faça-se”, ainda ecoa com a função de completar a criação. “A criação tem sua bondade e perfeição próprias, mas não saiu completamente acabada das mãos do Criador. Ela é criada ‘em estado de caminhada’ para uma perfeição última a ser atingida” (Catecismo da Igreja Católica, art. nº 302).

Jesus mostra que o Criador convida o ser humano a participar desse preparo à plenitude através do esforço de suas mãos. “O trabalho não é uma penalidade, mas uma colaboração do homem e da mulher com Deus no aperfeiçoamento da criação visível”. (Catecismo da Igreja Católica, art. nº 378).

E o benefício não é somente sobre o universo, como atesta o provérbio  popular: “O trabalho dignifica o homem”. Dignifica, porque dá sentido a sua vida. É através de um ofício que podemos crescer e desenvolver nossas potencialidades. “No trabalho, a pessoa exerce e realiza uma parte das capacidades inscritas em sua natureza” (Catecismo da Igreja Católica, art. nº 2428).

Ainda, pelo trabalho, a pessoa tem seu sustento, a providência acerca de muitos aspectos materiais de sua vida. Trabalhar significa também por em prática as pequenas ou grandes inspirações que temos. Só teremos a alegria da certeza de que nossos planos e ideias são eficazes, quando as construirmos.

Quando um ser humano se realiza em sua profissão, esse sentimento passa a ser mais importante que o seu salário. O trabalho é melhor que o dinheiro! Parece utopia,  principalmente na atual conjuntura, mas é esse ideal que forma profissionais com ética e competência, qualificações que o mundo mais carece hoje.

O sustento, o dinheiro e o reconhecimento devem ser sempre consequência do trabalho, do contrário estes prêmios não encontram base de existirem. Não há consistência num sucesso que venha apenas pelo desejo de fama. Antes deve existir um serviço, um préstimo que o justifique e o ampara como suporte. Portanto, faça algo que ame e aprenda a amar o trabalho!

Os grandes homens bíblicos eram trabalhadores exemplares. José do Egito (cf. Gn 39, 2), Davi – pastor de ovelhas (cf. I Sm 16, 11), Paulo de Tarso (cf. I Ts 2, 9). Inclusive Jesus, que embora veio com a missão de salvar a humanidade morrendo na cruz, antes de sua vida pública não se isentou de esmerar seu lado humano através do ofício de carpinteiro, herdado de seu pai José. “Quem trabalha deve trabalhar com esperança” (I Cor 9, 10).


Sandro Ap. Arquejada
- Missionário Com. Canção Nova
sandroarq@geracaophn.com
@sandroacn



Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://arenapolisnews.com.br/artigo/279/visualizar/