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Opinião
Segunda - 04 de Junho de 2012 às 12:31
Por: Dirceu Cardoso Gonçalves

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O direito do pedestre sobre a faixa e o incentivo ao uso da bicicleta como meio de transporte nas grandes cidades viraram moda. As autoridades e suas campanhas falaram ao pedestre que o carro tem de parar para ele atravessar e disseram ao ciclista que ele tem o direito de trafegar e não ser incomodado entre os demais veículos. São, no entanto, verdades não tão disponíveis quanto se faz parecer. Embora com o direito de atravessar, o pedestre pode morrer se não o fizer com as devidas cautelas. O ciclista, por sua vez, além de morrer, pode causar uma série de transtornos se não estiver bem adestrado. Infelizmente, é esse resultado negativo que temos visto no lugar do anunciado bem-estar da travessia segura e do circular livre sobre duas rodas.

Em vez da insuficiente e despendiosa campanha da faixa, que só serve para ameaçar o motorista com mais um tipo de multa, deveria se investir na educação do pedestre para evitar, principalmente, que use seu corpo para confrontar os veículos e, com isso, correr o risco de perder a vida. Quanto às bicicletas, antes de acenar com a multa ao motorista posicionado a menos de um metro e meio, precisa ensinar o ciclista a obedecer regras como não trafegar na contra-mão, sobre calçadas e a entender que, na relação com o carro, ele é a parte fraca e não deve se expor.

As cidades brasileiras cresceram sob a ótica de prioridade ao automóvel, sonho de consumo de esmagadora maioria da população. Andar à pé e a própria bicicleta, meios largamente empregados na primeira metade do século passado, foram substituídos pelo transporte automotor e as cidades restaram preparadas para o novo meio, com ruas, avenidas e longas distâncias só vencidas através do motor. Foram décadas nesse sentido, até que recentemente redescobriu-se o pedestre e o ciclista e insiste-se em lançá-los como partícipes do sistema criado e desenvolvido para o carro.

Antes de impor o “direito” de pedestres e ciclistas, os responsáveis pelo trânsito têm o dever de criar condições para que esses dois entes sejam integrados ao sistema com relativa segurança. Não basta dizer aos motoristas que os têm de respeitar. Tem de, antes de tudo, orientar o próprio pedestre e o ciclista a não expor a própria vida para fazer valer o seu direito de atravessar a rua ou nela também trafegar. Explicar-lhes de que nada adiantará o seu direito se não tiver a saúde e principalmente a vida para poder desfrutá-lo.

A prioridade em toda ação de trânsito deve ser a educação dos envolvidos. Mas  pouco se investe nesse segmento, pois o objetivo dos governos e governantes tem sido o espetáculo de mídia e, especialmente, a arrecadação de multas. É por isso que o trânsito brasileiro está, cada dia, pior. Precisa mudar o enfoque, urgentemente...

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)

aspomilpm@terra.com.br                                            



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