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Opinião
Domingo - 02 de Setembro de 2012 às 11:30
Por: Lourembergue Alves

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Um plano de governo não é fácil de ser feito. Requer uma série de cuidados. Inclusive com os conceitos dos termos ação e proposta. Detalhe, porém, que não recebeu atenção alguma do candidato petista. Este se perdeu no verbo infinitivo, e, sem perceber, derrapou na pista das promessas. Nem mesmo a aliança com o PMDB o fez encontrar o caminho. Ainda que a “cidade” se encontre “ensolarada”. Também, pudera, o dito caminho se transviou no sumário de intenções, enquanto a Capital – não a sonhada, mas a real – ficava mais distante da prancha “sem medo de ser feliz”, já desgastada e carcomida pelo tempo. 

 Percebe-se, então, que “Cuiabá, Mato Grosso e Brasil” não deram liga. Isso se explica pela insensibilidade dos artífices da campanha. Insensibilidade que atrapalhou o reconhecimento do fato que dentro do PT existem ilhas, as quais dificilmente se juntarão em prol de um projeto grupal ou pessoal. Por isso não se vê o militante petista – bastante presente em anos idos, de formação e fortalecimento da própria sigla – sair pelas ruas dos bairros periféricos. 

 Retrato de uma paisagem antiga. Tão antiga que ninguém se lembra dele. Tampouco os hoje líderes, uma vez que estes, pelo menos em sua maioria, sequer, faziam parte daquela caravana. Uma caravana que se embalava com a canção de “mudança”, e chegou a entusiasmar toda com a chegada do partido na chefia do governo federal, porém não percebia que cada dia o seu espaço no interior da sigla regional se estreitava mais e mais – exceto para quem se ladeou dos atuais chefetes políticos da agremiação.  

 Perdeu-se, então, o fio da história, ao mesmo tempo em que o discurso se esvaia. Tanto que, por exemplo, seria impossível para qualquer analista identificar a agenda de um governo petista-peemedebista em Cuiabá. Ainda que o plano, o registrado – não o dito ou o veiculado -, traga como princípios “gestão mobilizadora”, ressignificação do poder público e controle social. Até porque tais palavras quase nada dizem, tampouco fazem realçar o quadro de proposições, descrito em trinta e duas páginas. Estas, aliás, se perdem em um rosário de ações, sem que haja uma única proposta no meio delas, e isso denuncia a ausência de plano ou de programa de governo. 

 Ausência igualmente identificada nas campanhas de outras candidaturas. O que deixa em evidência a falta, no interior de cada uma delas, de alguém com conhecimento em política, bem como a de um marqueteiro – ambos substituídos pela equipe de profissionais do jurídico, como se a tal equipe, equivocadamente, ganhasse uma eleição, ainda que seja necessária para “mexer os pauzinhos no tribunal”, mesmo que para manter a candidatura do vice – impugnada.       

 Explicam desse modo, os desencontros e a não conexão entre o que o candidato a prefeito pensa e o que a Capital do Estado precisa. Desencontros e desconexão que resultam no distanciamento com a população, e isso é retratado nos índices captados pelas pesquisas de intenção de votos.
14% ou 8%, não se sabem qual o certo, uma vez que o número correto é aquele que deverá sair das urnas, e este pode ser alterado com as mexidas no tablado da política, não no do tribunal. Para tal, porém, é preciso discurso e propostas. Ingredientes, contudo, difíceis de ser encontrados na coligação que, parecia ser, a mais perfeita, embora tenha sido sacramentada por falta de opções tanto dos peemedebistas quanto dos petistas.   

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.  
 


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