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Opinião
Domingo - 09 de Dezembro de 2012 às 21:02
Por: Gabriel Novis Neves

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País difícil de entender o da Rainha Elizabeth, com os seus reis e rainhas, príncipes e princesas, duque e duquesas, condes e condessas, barões, lordes e não sei mais quantos títulos nobiliárquicos. Somente consultando os almanaques da Casa real.

Terra tradicional dos namoricos imperiais com plebeus, escândalos oficiais amorosos, tabloides sensacionalistas das intimidades dos famosos e da fofoca bem remunerada.

Berço de gênios da literatura mundial. De poetas, músicos, artistas e esportistas que marcaram a história da humanidade.

País da banda de rock mais famosa da década de sessenta. Os seus integrantes se consideravam mais conhecidos e populares do que Jesus Cristo.

Artistas de cinema, atletas com visibilidade, músicos extravagantes foram reconhecidos pela Casa Real e condecorados, passando a fazer parte da nobreza europeia.

Nelson Rodrigues, o nosso gênio maldito, escreveu a “Vida como ela é”. Na ilha da bota geográfica vive-se a “Vida como ela não é”.

Aquela nação destaca-se por sua grande ambiguidade diante dos valores da vida, principalmente.

Defensores intransigentes dos direitos humanos e da preservação do meio ambiente são profissionais da guerra destruidora de civilizações e da natureza.

Tem vergonha em ser vizinha da Cidade Luz, onde reina a mais absoluta liberdade e que, de há muito eliminaram a monarquia obsoleta - explícita e inexplicável divisão pejorativa de classes sociais.

Para se oxigenarem de sua prisão real, os ingleses procuram chegar à Cidade Luz por trens que navegam debaixo das águas.

Os nobres nem solidários são com os seus vizinhos de continente. Apesar de fazer parte da União Europeia, o país não adotou o euro como sua moeda oficial.

Escravos dos seus parentes mais novos da América do Norte, mantêm com mãos de ferro o domínio de uma ilha de gelo em território argentino. Muitos morreram para garantir essa reserva da natureza para os conterrâneos de Mister Bean.

Pois bem. Reclamamos muito dos nossos legisladores pelo excesso de datas comemorativas, e não é que perdemos para os ingleses nesse quesito?

Não tenho conhecimento se no Brasil existe o “Dia do Orgasmo”.

Na civilizada ilha da Rainha criou-se o “Dia Mundial do Orgasmo” para alavancar as vendas de uma rede de sex shop.

Pesquisas feitas revelaram que 80% das mulheres inglesas não atingiam o clímax em suas relações sexuais. Daí a justificativa para a criação desta data tão singular.

A causa mais frequente desse distúrbio é de fundo psicológico. Não seria então mais apropriado encaminhar essas mulheres para tratamento especializado?

Na Inglaterra civilizada e admirada pelos colecionadores de comendas e passeios de carruagem com a velhinha rainha, os escândalos íntimos da família real fazem o delírio da mídia. Quem não se lembra de quando uma linda princesa foi trocada, para surpresa de todo mundo, por uma decadente esposa de um serviçal do Palácio?

A celebração do “Dia do Orgasmo” será comemorado todos os anos no dia 31 de julho com uma grande suruba real.

País do primeiro mundo tem hábitos diferentes. Felizmente ainda somos índios e estamos sempre precisando de um apito.

 

GABRIEL NOVIS NEVES é médico em Cuiabá e foi o primeiro reitor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).



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