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Opinião
Sábado - 04 de Janeiro de 2014 às 19:05
Por: Gabriel Novis Neves

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 Há certos dias em que acordamos com vontade de mudar o mundo. Mas, isto é pura utopia – somente podemos mudar a nós mesmos. O que não é uma tarefa fácil.
 
Nestes dias aparece aquela vontade louca de desaparecer com tudo aquilo que guardamos e que jamais iremos usar.
 
Não precisamos de muito para viver com qualidade.
 
Entretanto, talvez marcados por problemas culturais, somos relutantes em distribuir certos bens acumulados ao longo dos anos.
 
Um simples exemplo: quantas peças de roupa dormem no armário esquecidas por nós. E o que é pior - não pretendemos mais usar, ou porque não nos cabe mais ou porque está fora de moda.
 
Guarda-roupas abarrotados de inutilidades para nós e, com certeza, de necessidades para muitos.
 
Falta-nos coragem (!) para doar toda essa tranqueira vergonhosa para Instituições de Caridade, carentes de calor humano e solidariedade para suprir suas mínimas necessidades materiais.
 
Nesses momentos de lucidez, até vontade de mudar de cidade temos - para a utopia da vida feliz em completo anonimato sem nenhum conhecido, seja em qualquer lugar deste Planeta.
 
Quanto menor a cidade, melhor para acolher esses arroubos de mudanças radicais.
 
Novas amizades terão de ser conquistadas, de preferência com os mais simples, despojados desses valores que decidimos abandonar.
 
Nosso passado não levaríamos, assim como nossa profissão. Uma nova profissão aprenderíamos por lá, nessa metamorfose programada.
 
Seria possível suportarmos uma transformação tão radical?
 
Creio que sim. Reencontraríamos a joia da motivação para vivermos de bem com os nossos desejos.
 
Não acredito que causaríamos sofrimentos, já que “o sofrimento é um bem pessoal e intransferível”.
 
Atormenta-me é saber que existe uma força que nos impede de fazer aquilo que desejamos.
 
Se nós quiséssemos, tudo seria resolvido.
 
Passado esse surto de desejos nos comportamos como os porcos daquela historinha bem conhecida: eles são colocados em um número excessivo na carroceria de um caminhão. Ficam amontoados sem espaço. Basta o caminhão rodar alguns metros por essas estradas esburacadas e os espaços surgem, e os porcos vão se ajeitando para sua última viagem até o frigorífico.
 
Com a gente tudo passa. Nossas vidas continuam cheias de entulhos e frustrações.
 
 
 
Gabriel Novis Neves


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