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Opinião
Quarta - 28 de Junho de 2023 às 04:36
Por: Cynthia Lemos

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Eu estava passando pela sala quando, ao lançar meu olhar à TV, vi uma cena que me chamou a atenção. Era um menino com seus 8 ou 9 anos, em frente a um grande relógio, aberto, e naquela cena específica ele tirava suas peças, observava e separava.

Ao seu lado estava a amiga, também praticamente da mesma idade, ora distraída, ora observando o menino na sua ação concentrada em frente ao relógio.

Neste momento, resolvi me sentar em frente à TV e observar mais um pouco, achei interessante aquela cena de um menino, tão concentrado e envolvido naquela atividade tão adulta.

Depois entendi: o filme era de um menino apaixonado por relógios, vindo de uma família de relojoeiros, o que explicava aparentemente tamanha habilidade com tão pouca idade.

De repente, Hugo, o menino, retira mais uma peça, desta vez pequenininha, quando comparada ao porte do relógio, e ele vibra em tom alto:

— Achei! Achei a peça que estava travando!

A amiga, distraída, retoma o olhar ao amigo e um tanto confusa e curiosa, após tantas horas de dedicação ao relógio desmontado, fala de forma indignada:

— Não acredito! Não pode ser! Como? Uma pecinha desse “tamaninho” pode estar a travar um relógio desse “tamanhão”.

— Toda peça importa — ele responde.

Hugo posiciona a pequena peça no centro da palma da mão e, ao observar mais alguns segundos em silêncio, complementa:

— Agora minha missão é tentar reparar, se não tiver jeito, terei que trocar.

Ali fiquei pensativa e divaguei, já desconectada do filme que seguiu mais alguns minutos com o enredo da história.

E eu segui em pensamento com a minha. Ali estava a representação precisa do significado da palavra funcionário, que tem como objetivo fazer a empresa funcionar.

No sentido racional da palavra, ali havia a representação da importância de cada função na empresa, o motivo estrutural pelo qual você foi contratado para suprir.

A mesma cena poderia representar também essas funções com seus devidos processos a serem seguidos e que, com as mudanças do mercado, são modelos que precisamos repensar.

Se você hoje está contratado para exercer uma função, esteja atento em sua utilidade e entrega a fazer. Vejo vários profissionais e muitos gestores a colocar peixe para subir em árvore e macaco para nadar no mar, trazendo com o passar do tempo sérios problemas em relação a entregas, com falta de foco e produtividade. Esteja atento a quais funções sua empresa precisa, como deve ser o perfil e habilidade de cada profissional que irá exercê-la e, principalmente, qual ou quais resultados você deve ter.

Tudo que vier a mais, depois, em prol da proatividade, oportunidade de crescimento, motivação, só faz sentido depois da entrega da função principal ter sido realizada com bom resultado. O que vem depois só terá real valor se o básico e necessário da função for entregue bem-feito.

Pode até ser interessante o peixe subindo na árvore, o macaco nadando no mar, sendo atrativo, curioso, chamando atenção, mas isso nós já sabemos, com o passar do tempo, não vai além de uma boa surpresa que causou entretenimento, percebido depois como tal. Consegue ser bonito, legal e interessante no começo, porém não se sustenta no tempo. Não tem jeito, como empresa precisamos conectar talento com necessidade funcional e entrega com resultado.

Cynthia Lemos é psicóloga empresarial e coach na Grandy Desenvolvimento Humano. Especialista no Desenvolvimento de Líderes e Empresas



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