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Nacional
Sexta - 19 de Dezembro de 2014 às 16:33
Por: *JOSÉ ANTONIO LEMOS DOS SANTOS

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A Ferrari apreendida em Itaguaí, na Baixada Fluminense

A Ferrari apreendida em Itaguaí, na Baixada Fluminense Foto: Jornal Atual

Embora não tenha declarado bens ao Tribunal Superior Eleitoral em 2012, o prefeito Luciano Mota (PSDB) é acusado de circular pelas ruas de Itaguaí com uma Ferrari amarela, modelo 458 Itália, avaliada em R$ 1,2 milhão. Ele usaria ainda uma caminhonete Range Rover, de R$ 600 mil, e um helicóptero para se deslocar. Em dez ternos, o político teria investido R$ 45 mil numa loja na Barra da Tijuca — menos da metade dos R$ 99 mil pagos numa televisão de 85 polegadas comprada à vista, em dinheiro, e entregue em casa.

De acordo com investigações da delegacia da Polícia Federal de Nova Iguaçu, o valor gasto com os luxos do chefe da administração municipal é fruto de um esquema criminoso no qual Mota é justamente o “cabeça”. O grupo desviaria, por mês, de R$ 10 a R$ 30 milhões — valor que representa de 11% a 30% da arrecadação total da cidade (R$ 90 milhões).

Documentos e computadores apreendidos na sede da Prefeitura

Documentos e computadores apreendidos na sede da Prefeitura Foto: Paolla Serra / Extra

O inquérito 0345 foi aberto pelo delegado Hylton Coelho em junho deste ano — 18 meses depois de Luciano Mota assumir a Prefeitura de Itaguaí. Nascido em Volta Redonda, a 95 quilômetros dali, o moreno de 32 anos, foi eleito por 31.014 eleitores — o que representa 43,76% dos votos válidos do município da Baixada Fluminense. Na campanha, garantiu ter desembolsado R$ 377.750.

Segundo Coelho, a quadrilha incluiu mais de 50 pessoas — entre políticos, empresários, laranjas e até funcionários fantasmas. Há indícios de fraudes em licitações e contratos irregulares em diversas pastas. Na limpeza urbana, por exemplo, apesar de serem pagos R$ 2,7 milhões por mês para coleta seletiva, o serviço não é realizado na cidade. Outros R$ 7 milhões são despendidos por ano no aluguel de 187 carros de luxo, mesmo só sendo utilizado 12 dos veículos.

Na ação intitulada Gafanhoto, os agentes cumpriram 11 mandados de busca e apreensão. Depois de prestarem depoimento, Amaro Gagliarda, secretário de Assuntos Extraordinários; e Ricardo Soares, de Turismo, foram indiciados pelos crimes de desvio de dinheiro público, fraude em licitação, formação de quadrilha e crime ambiental. O prefeito Luciano Mota não foi localizado pela Polícia Federal.

Hylton Coelho, delegado da Polícia Federal responsável pelas investigações

Hylton Coelho, delegado da Polícia Federal responsável pelas investigações Foto: Rafael Moraes / Extra

Entrevista com o delegado Hylton Coelho, responsável pelas investigações:

Como começaram as investigações?

Há seis meses, quando recebemos uma denúncia anônima de desvio de verba sobre a administração municipal de Itaguaí. Chamamos pessoas que foram mencionadas, mas elas ficaram amedrontadas, não confirmaram mas nos deram indícios desses crimes. Ouvimos testemunhas de compras de materiais e analisamos contratos de licitação da Prefeitura. Tudo presentava irregularidade.

E o que foi sendo verificado?

Apareceram outras frentes de empresários montadas com o objetivo de lesar o erário público por meio da conivência com políticos. É muito complicado. A cada contrato que se vê, há um erro maior que o outro.

Qual o sentimento ao descobrir essas irregularidades?

Indignação. Antes de ser delegado, sou pai, sou cidadão e conheço pessoas que residem em Itaguaí. É fato notório que está faltando material escolar, material hospitalar. E o que acontece? O dinheiro público é usado para comprar brinquedo de luxo e para o prefeito levar uma vida de milionário.





Fonte: Extra Online

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