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Cidades
Quinta - 20 de Novembro de 2014 às 19:33
Por: *JOSÉ ANTONIO LEMOS DOS SANTOS

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O bairro São Mateus, considerado o mais violento de Várzea Grande, com 18 homicídios até o mês de outubro passado, ainda vive em clima de insegurança, desde a chacina que resultou em cinco mortes, no mês de fevereiro deste ano. 


Moradores do bairro, localizado na área Norte da Cidade Industrial, preferem se calar sobre os crimes que acontecem no local.

O tráfico de drogas, os "acerto de contas" - na maioria dos casos, envolvendo o tráfico de drogas - e rixa são os motivos principais dos homicídios registrados. Mas um desses crimes ainda está sem resposta.

No dia 21 de fevereiro, por volta de 22h45, quatro homens encapuzados, de coturnos e roupas escuras, desceram de uma caminhonete de cor prata e colocaram os 12 clientes de um bar na parede. 

Tony Ribeiro/MidiaNews

Bar onde aconteceu o crime mais bárbaro de 2014, segundo a DHPP


Mais de 40 tiros foram disparados e oito pessoas foram atingidas. Cinco morreram na hora e três continuam, até hoje, com as marcas da violência pelo corpo.

"É um caso complexo, pois temos vários fatos e a cena do crime violada. Várias pessoas passaram pelo local antes da Polícia e ainda estamos investigando o caso"

De acordo com a delegada Anaíde Barros, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), esse crime está ligado a "justiceiros". que fazem parte de algum tipo de grupo de extermínio.

“É um caso complexo, pois temos vários fatos e a cena do crime violada. Várias pessoas passaram pelo local antes da Polícia e ainda estamos investigando o caso. Podemos dizer que esse foi um dos crimes mais violentos do ano, mas não paramos de investigar nunca”, disse a delegada.

O titular da DHPP, Silas Tadeu Caldeira, também observou que esse crime foi o mais bárbaro de 2014.

“Por enquanto, ainda não temos nenhum crime em 2014 que se compare a esse caso. Foi um crime bárbaro e covarde. Colocar as vítimas na parede e atirar e ainda matar uma pessoa inocente... Uma das vítimas, o dono de um lava jato, já de idade, era o único que não tinha passagem pela polícia”, afirmou o delegado.

Lei do silêncio

No bairro São Mateus, ninguém quer falar sobre o assunto. A chacina ainda assombra a população, que prefere seguir a "lei do silêncio" para não correr risco de sofrer algum tipo de represália.

Apesar de ser um caso que já fez nove meses, todos ainda estão amedrontados.

Apesar da companhia de polícia do bairro estar localizada há 500 metros do bar onde aconteceu o crime, os policiais militares não conseguiram prender os autores do crime.

Tony Ribeiro/MidiaNews
Mortos ficaram caídos na porta do bar, que, desde o dia do crime, não abriu mais as portas
“Eu estava em casa e não vi de nada. Não vou comentar nada. Pois não ouvi e nem vi e se soubesse eu também não ia falar. Aqui é muito perigoso”, disse uma moradora, que mora perto do bar onde ocireida chacina.

Desde que aconteceu o crime misterioso o bar não funcionou mais. O proprietário do estabelecimento pintou a frente do local e pretende desmanchar a obra e fazer um mercado.

“O que aconteceu aqui jamais será apagado”, disse o comerciante, que preferiu não se identificar.

Reforma

Após o crime e a mancha de sangue que jamais será apagado daquele local, o proprietário do bar disse que não quer mais que o ponto seja um bar. No ano que vem, começa uma reforma para transformar o local em algum galpão que possa ser alugado até como ponto de sucata, mas não bar.

“Aqui nunca aconteceu nada. Jamais tinha registro nem de briga aqui. O que aconteceu não vai apagar, por isso vou reformar e não quero mais mexer com bar ou lanchonete”, disse.

Tony Ribeiro/MidiaNews
Companhia dePolícia fica há 500 metros do bar onde aconteceu a chacina, mas ninguém foi preso
Ainda com medo, o proprietário do bar contou o que presenciou naquela noite de sexta-feira e o que foi falado pelos presentes que não foram atingidos.

O fato

“Eu estava deitado, quando comecei a ouvir o barulho. Só sai do quarto quando ouvi os pneus 'cantando'. Quando cheguei, vi oito pessoas no chão caídos. Contaram-me que tinham 12 pessoas no bar, entre eles o dono do lava a jato aqui da frente. Um senhor de idade. Foi morto porque, certamente, estava no local errado, na hora errada”, disse o proprietário do bar.

O comerciante ainda contou que todos foram colocados na parede, antes de serem mortos.

“Eles (os bandidos) chegaram e mandaram todo mundo pra parede. Rapidamente, começaram a atirar. Tiro de espingarda calibre 12 e pistola. Várias cápsulas caíram ao chão, mas algumas foram retiradas do local do crime, antes de a Polícia Militar chegar”, contou.

Tony Ribeiro/MidiaNews
Região fica constantemente deserta e a "lei do silêncio" impera entre os moradores
Morreram no local cinco pessoas. Três jovens ficaram internados em estado grave no Pronto-Socorro.

Os três que sobreviveram ao fato estão em casa e preferiram não comentar sobre o caso.

Um dos atingidos está tetraplégico, pois ficou com uma bala alojada na coluna cervical e não pôde ser retirada.

Os suspeitos ainda não foram localizados, mas existem duas hipóteses trabalhadas pela Polícia.

Uma de que os autores são justiceiros encomendados para ir ao bairro e fazer a execução, e a outra é de que teria havido "acerto de contas".

O inquérito segue em sigilo e, por conta disso, os detalhes da investigação não foram divulgadas pela delegada Anaíde Barros.




Fonte: Midia News

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