Clínicas emitiam falsos resultados de HIV e câncer
Clínica clandestina interditada em Salvador (Foto: Divulgação/Decom)
O proprietário de oito laboratórios de análises clínicas e postos de coleta, que funcionavam clandestinamente em diversos bairros de Salvador, foi preso em flagrante nesta quarta-feira (19), durante uma operação conjunta da Delegacia de Defesa do Consumidor (Decom), Superintendência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo do Município (Sucom) e Vigilância Sanitária. Francisco Ferreira Benevides foi capturado em um de seus estabelecientos, na Rua Siqueira Campos, no Barbalho, e levado para o Núcleo de Prisão em Flagrante, no Complexo da Mata Escura.
De acordo com a delegada titular da Decom, Carla Ramos, os laboratórios funcionavam nos bairros do Barbalho, Centro, Mouraria e Itapuã, em imóveis com instalações físicas e higiênico-sanitárias inadequadas. Todos os localis foram interditados nesta quarta.
Nos laboratórios clandestinos, segundo os investigadores, eram emitidos vários diagnósticos falsos de doenças, como diabetes e até Aids. Francisco foi autuado por crime de estelionato e por induzir o consumidor ao erro por meio de afirmações falsas.
Materiais das clínicas foram lacrados pela Sucom.
(Foto: Divulgação/Decom)
"Vários diagnósticos emitidos nos laboratórios são falsos e induziam os clientes ao erro. A gente percebeu que as assinaturas dos médicos bioquímicos que constam nos resultados dos exames são falsificadas. Como nos locais não foram encontrados nenhum responsável técnico, a suspeita é de que ele mesmo elaborava esses exames", afirmou a delegada, em entrevista ao G1.
Na clínica do Barbalho, onde foi o suspeito foi preso, os investigadores também não encontraram nenhum médico especialista em exames laboratoriais. "Quando chegamos lá, só tinha ele e uma funcionária, que estava fazendo a sobrencelha de uma outra mulher na cadeira onde é feita a coleta de sangue", disse.
Conforme a delegada, Francisco foi preso após denúncias anônimas. "A primeira delas foi de um paciente que foi atendido em uma clínica que estava em Pernambués, mas quando fomos lá, não conseguimos localizá-lo. Foi aí que demos início às investigações e descobrimos as outras clínicas", conta.
A delegada constatou que outros três dos estabelecimentos, instalados em Itapuã, na Mouraria, e no Edifício Totônia, na Avenida Sete de Setembro, estavam sem funcionar há algum tempo. Antes dos locais serem interditados pela Vigilância Sanitária, fiscais da Sucom lacraram todos os equipamentos e materiais encontrados.
Reincidente
Segundo a polícia, Francisco já respondeu a dois inquéritos por estelionato, e responde a um terceiro pelo mesmo motivo, desde julho deste ano.
"Para cada clínica, ele usava números de pessoas jurídicas diferentes. A vigilância Sanitária chegou a interditar algumas clinicas dele em outras ocasiões, mas ele sempre abria novas unidades em outros locais e, às vezes, na mesma rua", afirma.
De acordo com a delegada Carla Ramos, Francisco pode ser condenado a até 10 anos de prisão pelos crimes. "No depoimento, ele disse que as clínicas estavam todas regulares, mas não apresentou nenhuma prova", afirmou a investigadora.
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