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Quarta - 25 de Junho de 2014 às 17:06
Por: *JOSÉ ANTONIO LEMOS DOS SANTOS

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Contagem, Brasil – Hugo Alves costumava jogar futebol em um time profissional. Ele continua ligado ao esporte, mas não do jeito que imaginava. Agora seu uniforme é uma camisa e uma calça vermelhas, e ele fabrica bolas de futebol em uma fábrica na prisão.


"Eu preferia estar jogando bola, ao invés de fabricá-las", afirmou Alves, de 31 anos, que está cumprindo uma pena de cinco anos por tráfico de drogas. E acrescentou num sorriso pesaroso, "Pelo menos eu estou na mesma área".

Alves é um dos 80 prisioneiros que fazem bolas de futebol na penitenciária de segurança máxima Nelson Hungria, nos arredores de Belo Horizonte, uma das 12 cidades-sede da Copa do Mundo no Brasil.

A fábrica de bolas de futebol fica dentro de um prédio de blocos de concreto com telhado de metal, localizado no interior dos muros da prisão e circundado por uma cerca de metal com arame farpado. Quarenta prisioneiros trabalham oito horas por dia, cinco dias por semana, fazendo as bolas. Outros 40 prisioneiros trabalham em suas celas, costurando a cobertura das bolas, em outro processo de manufatura.

A fábrica foi aberta em 2011 como parte de uma iniciativa para aumentar o moral dos presos e prepará-los para a vida após a prisão, além de reduzir as terríveis taxas de superlotação. Outros programas permitem que os prisioneiros de instituições federais tirem dias de suas sentenças ao participarem de programas de alfabetização, da leitura de clássicos da literatura e da produção de relatórios de leitura. Em uma cadeia na cidade de Santa Rita do Sapucaí, os presos andam em bicicletas ergonômicas ligadas a baterias que fornecem energia suficiente para iluminar uma praça da cidade.

Na fábrica em Contagem, os presos fabricam 400 bolas por dia, recebendo 543 reais ao mês. Um quarto do dinheiro é destinado ao Estado, 50 por cento aos presos ou suas famílias, e um quarto a uma conta de onde podem sacar o dinheiro após a saída. Para cada três dias de trabalho, um dia é retirado da sentença dos presos.

As bolas feitas na prisão não são usadas na Copa do Mundo. A bola oficial é fabricada no Paquistão pela Adidas para as 64 partidas do campeonato. A bola da Copa tem nome próprio, Brazuca, e conta com um milhão de seguidores no Twitter. Antes do evento, a Brazuca passou por um teste de qualidade envolvendo 600 jogadores profissionais e 30 equipes de três continentes.

As bolas feitas na prisão para uma empresa chamada Trivella também são utilizadas por jogadores profissionais, no campeonato estadual de Minas Gerais onde fica a prisão, mas são muito menos visíveis. Elas também vão parar nos jogos recreativos realizados na penitenciária e em partidas amadoras fora da cadeia, no Rio de Janeiro e em São Paulo.

As bolas fabricadas pela Trivella, costuradas à mão e à máquina, consistem em um balão de látex enrolado por uma cobertura de nylon e recoberto por painéis de poliuretano termicamente moldados e pintados com o logo da empresa em diversas outras marcações. Durante várias etapas do processo, as partes da cobertura da bola ficam sobre placas como biscoitos frescos, e o balão interno é pendurado em ganchos como melões.

Os presos contam que ficam orgulhosos em saber que as bolas são usadas no campeonato estadual da primeira divisão.

Alguns brincavam dizendo que a qualidade era a mesma da Brazuca.

"Essa é a melhor bola", afirmou Alves, que afirmou ter jogado nas divisões de base da Argentina, Itália e Peru.

Fazer as bolas de futebol é um dos trabalhos mais disputados da cadeia, que são raros em todo o país. Apenas 120 presos em quatro penitenciárias do estado estão fazendo bolas, de acordo com as autoridades.

Alves contou que esperou por mais de um ano pela contratação.





Fonte: DO MSN

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