Estudo genético com mexicanos revela propensão étnica a doenças pulmonares
Pesquisa mostrou diferença entre os mexicanos de mestiços e os de descendência indígena
O maior estudo genético feito até agora sobre os mexicanos revelou a extraordinária diversidade desta população e lançou luz sobre a vulnerabilidade a determinadas doenças pulmonares relacionadas com a hereditariedade.
Para a pesquisa, feita por uma equipe internacional e divulgada online nesta quinta-feira (12) pela revista Science, foram analisadas mais de 1 milhão de variações genéticas de mais de 1.000 pessoas pertencentes a diferentes grupos étnicos do México.
As análises mostraram diferenças tão marcadas como as que existem entre os europeus e os asiáticos, como foi o caso dos Seri, da costa nordeste do Golfo da Califórnia, e dos maias lacandões, da fronteira com a Guatemala.
Para Christopher Gignoux, pesquisador da universidade de Stanford, na Califórnia, e um dos principais autores do trabalho, "durante milênios, houve uma extraordinária diversidade linguística e cultural no México com os grandes impérios Asteca e Maia, assim como pequenos grupos de populações isoladas".
— Não só pudemos medir esta diversidade através do país, mas também identificar uma enorme variedade genética que tem implicações reais nas doenças de acordo com o lugar onde se encontram seus ancestrais no México.
Durante décadas, os médicos basearam seus diagnósticos na herança étnica indicada por seus pacientes ou deduzida por eles.
Mas grupos de populações como os latino-americanos ou os afro-americanos, que são produto de diversas combinações genéticas, podiam ser mal diagnosticados e receber tratamentos equivocados, explicaram os cientistas.
Segundo Esteban Gonzalez Burchard, professor de bioengenharia e medicina na universidade da Califórnia em San Francisco, outro autor do estudo, "no caso das doenças pulmonares, como a asma ou o enfisema, sabemos da importância da herança genética específica de seus ancestrais no México".
— Com esta pesquisa, nos demos conta de que em termos de classificação de doenças, o tipo de população autóctone de que uma pessoa descende desempenha um papel importante.
O estudo abarca a maioria das regiões geográficas do México e foi feita com 511 pessoas que representam os 20 grupos indígenas e outras 500 pertencentes a etnias mistas, os chamados "mestiços".
Os resultados foram comparados com dados genéticos e medidas de capacidades pulmonares de dois estudos anteriores, um com 250 crianças, e foi encontrada uma grande diferença na capacidade pulmonar entre os mexicanos de mestiços e dos de descendência indígena do oeste e do leste do país.
Para Burchard, estas diferenças são clinicamente significativas e poderiam ter implicações importantes para diagnosticar doenças pulmonares.
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