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Segunda - 19 de Maio de 2014 às 10:26
Por: *JOSÉ ANTONIO LEMOS DOS SANTOS

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Mesmo hospedado em um hotel em frente à rodoviária, o analista têxtil Alexandre Soares dos Santos, 37, chegou com atraso de cinco minutos e não embarcou no ônibus que tombou, matando ao menos 18 pessoas na BR-020, em Canindé, neste domingo (18). Ele mora no Bairro Henrique Jorge, em Fortaleza, e a família reside em Boa Viagem, local de onde saiu o coletivo. Segundo ele, o despertador do celular não tocou.

"Eu nunca perdi o ônibus na vida e sempre chego 30 minutos antes da partida do coletivo. Eu comprei um celular na quinta-feira (15). O aparelho é novo e coloquei para despertar às 6 horas. Felizmente ele não despertou e perdi a hora", afirma.
Alexandre comprou outra e conseguiu partir para Fortaleza por volta das 8h45. No caminho, passou pelo local do acidente. "Vi uma multidão no meio da pista. Me levantei da cadeira e vi que se tratava de um acidente grave. Quando percebi que era o ônibus que eu perdi, fiquei em choque. Aliviado, mas triste, pois vi muita gente na pista ainda. Foi duro ver aquilo", disse emocionado.

Quando estava perto de chegar a capital, Alexandre Soares falou que seu telefone não parava de tocar. Eram familiares querendo saber se ele havia embarcado no ônibus que tombou em Canindé. "Só quem sabia que eu não havia embarcado era minha esposa. Ela sabia que eu tinha perdido o ônibus. Porém, meus familiares que moram tanto em Boa Viagem como Fortaleza não sabiam e ficaram desesperados. Foi um alívio quando eu atendi o telefone", afirmou.
Viagem sem cinto de segurança
Alexandre Soares conta que nesses quatro anos que viaja de Boa Viagem para Fortaleza jamais usou o cinto de segurança. Segundo ele, se estivesse entrado no ônibus ia ficar na poltrona de número 5 do ônibus, próximo à cadeira do motorista.
"Nunca usei o cinto. Se eu estivesse dentro daquele ônibus podia ter sido jogado para fora do coletivo, batido a cabeça em alguma poltrona, ferro ou algo parecido. Eu morreria com certeza", disse.
Acidente
Um ônibus da empresa Princesa dos Inhamuns tombou às 8h45 da manhã deste domingo, no trecho urbano da BR- 020, no Km 304, em Canindé. Segundo a empresa, o ônibus saiu de Boa Viagem, interior do Ceará, às 7h e tinha a previsão de chegar a Fortaleza por volta das 11h10. A PRF-CE informou que o acidente aconteceu no triângulo que dá acesso ao Centro da cidade. Os passageiros feridos foram levados para o hospital municipal e a Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Segundo a Secretaria de Saúde de Canindé, 15 pessoas foram transferidas para o Hospital Dr. José Frota (IJF), em Fortaleza.

O motorista do ônibus também sobreviveu ao acidente. Ele informou à polícia que um motociclista que seguia à sua frente teria freado bruscamente. Na tentativa de evitar a colisão, o condutor perdeu o controle do ônibus e tombou. A polícia disse que o teste etilômetro foi realizado com o motorista do ônibus e deu negativo.

A linha do ônibus é Boa Viagem/Fortaleza e, segundo o motorista, 41 pessoas estavam dentro do ônibus. Sendo 39 passageiros pagantes, um funcionário e o motorista. Equipes do Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer) estiveram no local. O veículo já foi desvirado. Segundo a PRF-CE, há uma faixa da BR-020 interditada, mas o trânsito na região está fluindo, apesar do grande número de curiosos.
Em nota, a empresa Princesa dos Inhamuns lamentou o acidente e afirmou que " continua tomando todas as providências necessárias para o atendimento aos passageiros e aos familiares concedendo-lhes total apoio". A empresa não divulgou o número e a lista de passageiros do ônibus.
Número de mortos
Na noite deste domingo (18), o núcleo de Perícia Forense de Canindé confirmou a morte de 18 pessoas no acidente de ônibus que tombou quando seguia da cidade de Boa Viagem para Fortaleza. Anteriormente, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e autoridades municipais haviam informado que o número de vítimas passava de 20. Após as identificações, o número foi reduzido para 18.
De acordo com o supervisor da Pefoce de Canindé, Paulo Granjeiro, a maioria dos corpos foi reconhecida. Dos dezoito mortos confirmados, oito corpos foram transferidos para Fortaleza. A mutilição de corpos dificultou a identificação das vítimas. "Os transferidos foram os mais mutilados no acidente. Tem a questão da logística e dos procedimentos técnicos e legais para a identificação dos corpos para serem liberados", afirmou.
Para o trabalho de identificação dos corpos, os peritos trabalharam com uma lista de 46 passageiros e dois funcionários. Os 10 corpos que ficaram na Pefoce de Canindé foram liberados ainda no domingo (18). A maioria das vítimas morava no município de Boa Viagem. "Como fica em uma cidade vizinha, muitas pessoas são conhecidas ou conhecemos os familiares, o que facilitou a identificação".





Fonte: G1

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