Em THE, aviões passam a 40 metros de casas; não serão desapropriadas Esses imóveis, a exemplo do Itaperu, estão fora da relação de imóveis que devem ser demolidos
Os aviões em procedimentos de pouso em Teresina chegam a passar a menos de 40 metros dos tetos de algumas residências localizadas no entorno do aeroporto Petrônio Portella, zona Norte. Mas, quem pensa que esta é a área escolhida para que os imóveis sejam retirados visando as obras de ampliação do aeroporto está enganado. O local que apresenta mais perigo de um acidente aéreo com vítimas, o conjunto Itaperu, na cabeceira Norte da pista, não está na lista da prefeitura e Infraero para ser desapropriado.
O secretário municipal de Planejamento, Washington Bonfim, sempre que perguntado pelos meios de comunicação o porquê da retirada dos imóveis das avenidas Centenário e Barão de Campo Maior, argumenta que a questão da segurança das famílias é determinante para a escolha desses imóveis.
Mas, para os moradores, isto não é verdade. As residências escolhidas, principalmente as da avenida Centenário, ficam a cerca de 400 metros da pista, onde há uma área ampla onde as aeronaves podem fazer pousos de emergência em caso de necessidade. "Moro aqui há mais de 50 anos e nunca houve um acidente aéreo próximo a estas casas, os que aconteceram geralmente foram nas cabeceiras das pistas", diz a moradora Valesia Portela Fontenele.
Já a área do conjunto Itaperu é a região onde os imóveis ficam mais próximos das aeronaves. Em muitas casas, os moradores do conjunto já chegaram a registrar a quebra de objetos de vidros ou cristais devido ao forte barulho dos aviões em pousos e decolagens, mas estas casas, onde o perigo de um acidente aéreo e 10 vezes maior do que nas avenidas Centenário e Barão de Campo Maior, não estão na relação das que serão demolidas em nome da segurança e da reforma do aeroporto.
Construído na década de 1980, o conjunto Itaperu tem mais de 100 casas e foi erguido com dinheiro público. Segundo alguns moradores, na época em que foi planejado, as autoridades aeroportuárias do Estado sequer cogitaram embargar a obra. "Se não acharam que aviões passando tão baixo e próximo as casas se constituía um perigo para a segurança das famílias e dos aviões, porque mais de 30 anos depois acham que as casas mais distantes correm mais riscos do que aquelas embaixo dos aviões?", indaga o líder comunitário João Batista Lima, o "Caetano".
Na cabeceira Sul do campo de aviação, apesar de não passar tão próximo como no conjunto Itaperu, os aviões também sobrevoam vários imóveis, a maioria comerciais, como lanchonetes, padarias, clube de festas e até uma rótula da avenida que nos dias de pico recebe centenas de carros. Esses imóveis, a exemplo do Itaperu, estão fora da relação de imóveis que devem ser demolidos.
Para os moradores prejudicados com a possível demolição das suas casas, os exemplos do conjunto Itaperu e dos imóveis da cabeceira Sul são apenas para mostrar que o problema é tão complexo que a melhor saída é construir um novo aeroporto, longe do centro da cidade e deixar as famílias em seus locais.
Segundo eles, é desperdício de tempo e de dinheiro gastar mais de R$ 600 milhões com a obra porque, em poucos anos, será iniciada a construção do novo aeroporto em uma área afastada da cidade.
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