Embarque de soja é antecipado para fugir de prejuízo
Num movimento em massa de antecipação das exportações de soja, o volume embarcado no primeiro trimestre no Brasil cresceu mais de 100% em relação ao mesmo período de 2013. De janeiro a março, 9 milhões de toneladas do grão foram para os portos brasileiros - ante 4,49 milhões nos primeiros três meses do ano anterior, conforme dados do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
A venda maior no atual período é explicada por três motivos. O primeiro deles é o crescimento cada vez maior do cultivo de plantas com ciclos precoces - especialmente nos Estados do Centro-Oeste, onde a lavoura de soja dá lugar para a safrinha de milho em meados de fevereiro. Outro motivo, talvez ainda mais significativo, é o receio com o risco de eventual apagão logístico nas estradas e portos brasileiros. Para escapar dos meses de maior fluxo - abril e maio, decidiram antecipar a contratação de fretes e de embarques para garantir as exportações do grão. O comportamento é reflexo dos prejuízos do ano passado, quando cargas não conseguiram ser despachadas dentro do prazo estabelecido em razão do estrangulamento de portos como Paranaguá (PR) e Santos (SP). A venda antecipada também tem influência do preço atual da saca de soja no mercado, acima de R$ 70 nos portos.
No Rio Grande do Sul, o crescimento das exportações nesse período foi igualmente sentido, embora em menor escala porque a safra é colhida mais tarde do que no resto do país. No primeiro trimestre, foram embarcadas 260 mil toneladas. O número é bem superior às 39,2 mil toneladas do período no ano passado especialmente pela base de comparação baixa - já que não se tinha estoque de passagem por causa da safra frustrada em 2012.
Além de fugir do movimento maior nos portos e do frete mais caro, os gaúchos conseguiram embarcar o grão antes em razão de uma colheita antecipada - causada pela onda de calor que acelerou o desenvolvimento das plantas. Em março deste ano, 33% da safra já havia sido colhida nas lavouras gaúchas, enquanto que em igual mês no ano passado esse percentual era de 24%. Por um motivo ou outro, a antecipação trará ganhos aos produtores, com preços firmes e portos e rodovias menos congestionadas.
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