O empresário tentou vender o barco e chegou a propor sua doação à Marinha para se livrar dos custos de manutenção - estimados em cerca de R$ 300 mil por mês -, mas as tentativas não vingaram
Sem comprador, iate de Eike será desmanchado para ter peças vendidas
A ideia de ganhar dinheiro com eventos corporativos a bordo do navio na Baía de Guanabara não deslanchou. A embarcação Pink Fleet, de Eike Batista, inaugurada como atração turística carioca em 2007, vinha dando prejuízo ao empresário. Eike tentou vender o barco e chegou a propor sua doação à Marinha para se livrar dos custos de manutenção - estimados em cerca de R$ 300 mil por mês -, mas as tentativas não vingaram.
Há cerca de um mês, o Pink Fleet deixou a Marina da Glória, onde ficava ancorado, em direção ao estaleiro Cassinú, em São Gonçalo (RJ). O objetivo é desmanchar o navio e vender suas peças. A EBX preferiu não comentar.
Outro símbolo da excentricidade de Eike, o Hotel Glória também entrou no processo de liquidação de ativos do grupo. Três meses após Eike ter admitido que colocou o Hotel Glória à venda, um candidato se declarou publicamente interessado no empreendimento, que é um ícone do Rio de Janeiro. A uma agência de notícias internacional, o executivo-chefe da companhia suíça Acron AG, Kai Bender, informou que negocia a compra do hotel, há dois anos, e que concordou em pagar R$ 225 milhões por ele. Segundo ele, o acordo será fechado nos próximos dois meses. A REX, empresa do grupo EBX que atua na área imobiliária, não quis comentar o assunto.
O Glória foi adquirido por Eike em 2008 e há três anos o empresário assinou contrato de financiamento com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que aprovou o empréstimo de R$ 190,6 milhões, dentro do programa de incentivo a investimentos à rede hoteleira para a Copa de 2014 (ProCopa).
Em novembro de 2012, o banco liberou R$ 50 milhões para a obra. O projeto de Eike é um retrofit (técnica de reforma que preserva a fachada, mas moderniza todo o interior) audacioso, que chegou a ser criticado por causa da descaracterização do imóvel. A reforma teve seu pico de obras em 2010, e foi orçada em R$ 350 milhões. A obra está atrasada e dificilmente ficará pronta a tempo da Copa. Quando intensificou a diversificação de seus negócios, Eike usou o prédio como um símbolo e disse que, com ele, devolveria o glamour ao Rio de Janeiro.
A Acron, que negocia a compra do Hotel Glória, é especializada em investimentos imobiliários. Tem sede em Zurique, na Suíça, e subsidiárias na Alemanha, nos EUA e em Luxemburgo. No ano passado, iniciou investimentos em São Paulo, com foco em imóveis para investidores suíços e alemães.
Cinco estrelas
Os rumores sobre a venda do Glória começaram em junho, quando as obras de modernização foram paralisadas após três anos de intervenções no prédio, inaugurado em 1922. À época, o preço estimado para venda era de R$ 300 milhões - considerado acima do mercado e pouco atraente para as bandeiras hoteleiras. O hotel foi comprado em 2008 por R$ 80 milhões. Marco na arquitetura "art déco" do Rio e um dos mais luxuosos do país, o hotel estava abandonado desde 2000, quando fechou. Ele foi construído para ser o primeiro hotel cinco estrelas brasileiro, encomendado pelo então presidente da República Epitácio Pessoa para receber autoridades nas comemorações do centenário da Independência do Brasil.
O projeto original era do arquiteto francês Joseph Gire, o mesmo do Copacabana Palace, com quem rivalizava em luxo e hóspedes célebres. Para a renovação do prédio, a promessa dos arquitetos era preservar a fachada e reconstruir todo o interior com a técnica de "retrofit". O projeto foi elaborado pelo arquiteto Hamilton Casé e decorado pelo americano Jeffrey Beers. A previsão inicial era inaugurar o empreendimento no primeiro semestre de 2014. Após atrasos e paralisações na obra, entretanto, a empresa deixou de prever a data de reabertura do hotel.
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