Ministério da Saúde vai avaliar estudo que contesta eficácia do Tamiflu
RIO – Em 2009, durante a epidemia de gripe suína (H1N1), governos ao redor do mundo, inclusive o brasileiro, gastaram bilhões de dólares para fazer estoques do medicamento Tamiflu, que supostamente evitaria complicações da doença. Esta semana, porém, uma revisão de estudos sobre o uso do remédio feito pela Cochrane Collaboration, rede independente de pesquisadores e profissionais de saúde, não encontrou evidências da eficácia do Tamiflu no combate à infecção e transmissão do vírus, levantando questionamentos sobre a decisão de estocar o medicamento.
Diante disso, o Ministério da Saúde informou em nota ao site G1 que vai analisar o estudo da Cochrane, mas defende que a decisão de gastar R$ 400 milhões em doses suficientes para tratar 14,5 milhões de pessoas foi baseada em “recomendações de instituições de referência, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos”. E o Brasil não embarcou sozinho nessa: nos EUA, o gasto para formação do estoque do remédio chegou a US$ 1,3 bilhão, enquanto no Reino Unido ficou em 424 milhões de libras (cerca de US$ 710 milhões).
“O antiviral oseltamivir (Tamiflu) é indicado para o tratamento de casos graves e de pessoas com fatores de risco”, cita o G1. “Estudos realizados no Brasil têm confirmado a importância da administração do oseltamivir, rapidamente, nas situações indicadas como medida capaz de reduzir complicações e mortes decorrentes da influenza (gripe)”, continua o ministério, de acordo com o site.
Segundo a avaliação da Cochrane, porém, a Tamiflu não só não é eficaz no combate às complicações da gripe, como pneumonias, bronquites, sinusites e infecções no ouvido, como eleva o risco de sintomas adversos como náusea e vômitos, além de possivelmente evitar que algumas pessoas produzam anticorpos suficientes para lutar contra a infecção. Para tanto, os especialistas da instituição revisaram 46 testes clínicos envolvendo mais de 24 mil pessoas do Tamiflu (oseltamivir) e de outro remédio similar, o Relenza (zanamivir), conhecidos como inibidores de neuramidase e fabricados pelos laboratórios Roche e GlaxoSmithKline, respectivamente.
- A revisão destaca que o Tamiflu, inicialmente visto como capaz de reduzir hospitalizações e complicações sérias da gripe, não faz isso e ainda leva a efeitos danosos que não foram totalmente relatados nas publicações originais – diz David Tovey, editor-chefe da Cochrane Collaboration.
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