'Agressão a aluna foi premeditada', afirma delegada de Limeira Pai da garota espancada disse que ela está recebendo novas ameaças. Jovem atacada em Limeira por duas 'colegas' sofreu traumatismo craniano.
A agressão a uma adolescente de 15 anos, espancada por duas estudantes dentro de uma escola estadual em Limeira (SP), foi premeditada, segundo informou nesta sexta-feira (11) a delegada da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) Andréa Rachid Arnosti. Ela apura ainda se as gravações feitas em celulares por outros adolescentes na hora da briga também foram intencionais. O pai da menina, o jornalista e ex-policial militar José Carlos Roque Júnior, de 39 anos, disse nesta quinta-feira (10) que a filha ainda recebe novas ameaças dos 'colegas'.
A agressão à adolescente ocorreu na quarta-feira (9). A garota foi atacada no corredor por duas alunas do mesmo colégio e sofreu ferimentos no rosto, além de ter o cabelo cortado com uma tesoura. Para o pai, a jovem foi vítima da agressão por estar há pouco tempo na escola e ser bonita, o que teria causado inveja. Na quinta, a Justiça aceitou pedido do Ministério Público (MP) para a internação das agressoras, que continuavam apreendidas na Seccional até as 11h30 desta sexta. Elas serão transferidas para a Fundação Casa.
"A agressão foi premeditada devido às ameaças anteriores que a jovem vinha recebendo. Isso já foi inserido no inquérito. Já em relação às gravações, nós ainda estamos apurando para dizer se essa denúncia procede ou não. Há uma eventual hipótese", disse Andréa. Ela se refere à afirmação do pai da menina de que as agressoras e o grupo que filmou a briga haviam combinado tudo.
Segundo o pai, eles ficaram em pontos certos para gravar a cena. "O objetivo era cortar o cabelo dela e ferir o rosto com a tesoura”, disse o jornalista. "O bando do qual as meninas fazem parte já avisou que, se a minha filha voltar, ela será agredida novamente", disse o pai.
Vídeos com as imagens da agressão foram compartilhados na internet e por meio do WhatsApp (aplicativo usado para troca de mensagens via celular). "Minha filha ainda não teve coragem de assistir aos vídeos da agressão. Não foi um apenas, foram vários. Os estudantes estavam em pontos estratégicos e filmaram a agressão da minha filha de vários ângulos", afirmou Roque Júnior. Segundo ele, a adolescente havia sido ameaçada uma semana antes da agressão e a direção da escola sabia disso. A delegada da DDM disse que ainda apura se houve ou não omissão da escola em relação ao caso.
Para evitar problemas, ele passou a buscar a garota na escola, mas não imaginava que ela pudesse ser espancada durante o período de aulas. Em entrevista à EPTV, a menina agredida disse que estava assustada, mas que gostaria de voltar a frequentar a Escola Estadual Castelo Branco, que fica no bairro Vila Cláudia, em Limeira. A família, no entanto, está temerosa em relação ao risco de novos ataques. "A transferência será melhor para ela. A própria Diretoria de Ensino relatou que não pretende permitir que ela volte à instituição", afirmou o pai ao G1.
Entenda o caso
A agressão aconteceu na manhã de quarta-feira. A adolescente foi espancada por outras duas jovens, de 14 e 15 anos, dentro da Escola Estadual Castelo Branco, onde estuda, em um corredor no horário de saída para o intervalo. A violência foi registrada em vídeo por estudantes do colégio, que não apartaram a briga e até incentivaram a confusão.
Com dores na cabeça, a garota passou uma noite na Santa Casa de Limeira e, de acordo com o hospital, uma tomografia apontou que a adolescente sofreu um traumatismo craniano. Ainda segundo a instituição, por não correr risco de morte, a estudante foi liberada e fará a recuperação em casa.
As agressoras foram apreendidas e encaminhadas à Delegacia de Defesa da Mulher, onde o boletim de ocorrência foi registrado como ato infracional análogo aos crimes de lesão corporal e desacato. Segundo a delegada Andréa Arnosti, uma das agressoras já tem ficha na Justiça pelo mesmo motivo.
Com a decisão da Justiça desta quinta-feira, as agressoras devem ser transferidas para uma unidade da Fundação Casa em prazo de até cinco dias. Ambas vão prestar depoimento à Justiça nesta sexta-feira.
Resposta da Secretaria da Educação
A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, por meio de nota enviada na quarta-feira pela assessoria de imprensa, disse que a Diretoria Regional de Ensino "repudia qualquer ato de violência e atua em conjunto com as famílias para evitar casos como o que envolveu as alunas". Uma apuração preliminar foi aberta para averiguar se houve negligência da unidade no socorro à estudante agredida e em relação a uma denúncia do pai, de que a direção sabia do conflito, conforme a nota.
"Os pais de todas as estudantes envolvidas já foram convocados para uma reunião na escola, o caso será acompanhado também pelo professor-mediador que atua na unidade e o Conselho Tutelar notificado pela diretoria regional. O Conselho de Escola também se reunirá para definir a punição às agressoras, conforme regimento escolar", informou a pasta.
Adolescente de 15 anos apanhou em escola por ser bonita, segundo o pai (Foto: José Carlos Roque Junior/Acervo pessoal)
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