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Internacional
Sábado - 29 de Março de 2014 às 22:53

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O que faz destas ilhas um paraíso? No Havaí, vulcões que brotaram no fundo do oceano há milhões de anos deram origem a paisagens cinematográficas.

Montanhas que ultrapassam as nuvens, praias de água transparente, florestas tropicais que lembram a nossa Mata Atlântica e um clima agradável, com sol e calor, mesmo nos meses de inverno, quando estivemos no arquipélago.

Nossa viagem começa em Hilo, na Big Island, a maior ilha do Havaí. A pacata cidade fica aos pés do vulcão considerado por muitos pesquisadores o mais ativo do mundo.

Em uma das encostas, o Kilauea jorra lava sem parar há 31 anos. Nos juntamos a um grupo de turistas para tentar ver a lava bem de pertinho.

Confira no vídeo acima a aventura.

O grupo é bem variado. São os quatro brasileiros da nossa equipe; duas suíças, dois neozelandeses, um tcheco e os dois guias americanos.

Depois de três horas com muita dificuldade, passando por lama, por floresta, alguns tombos, a equipe chega na parte da lava. Um parque de lavas. A lava seca ela é cortante. Então, todo mundo tem de usar luva pra proteger as mãos, caso se desequilibre.

O que se vê depois são montanhas de lava que foram se sobrepondo com o passar dos anos. São milhões de metros cúbicos.

A lava que o Kilauea expele em um só dia poderia pavimentar uma estrada de 32 quilômetros com duas pistas. Andar sobre estas rochas dá uma sensação estranha. Faz um barulhinho que é como se estivéssemos andando sobre uma fina camada de vidro.

Em alguns lugares, parece que o chão vai se abrir com o nosso peso.

A equipe chega bem perto de uma área em que a lava que está escorrendo.

O guia pediu para tomar cuidado, porque o calor pode derreter a sola do calçado. Parece uma cola incandescente. E quando mexe sai fogo.

É um espetáculo fascinante e, ao mesmo tempo, assustador. Mas a gente mal tinha visto a lava e a chuva aumentou. Em segundos, toda a paisagem desapareceu sob uma espessa nuvem de vapor. Resultado da água fria caindo sobre a rocha quente.

A equipe ficou parada, sem enxergar nada. Felizmente, a chuva era passageira. E, assim que o vapor diminui, a equipe seguiu os guias até um lugar onde a lava brotava bem fluida e com mais força. Parecia um riacho incandescente.

Nas fendas, é possível ver que embaixo está em brasa, e em vários pontos vão surgindo as erupções; a lava que vai saindo do fundo da terra.

Um pouco mais adiante, a floresta vai sendo consumida pelo avanço da lava. É um fenômeno natural, impossível de ser contido. E uma grande atração para turistas dispostos a sacrifícios.

Para o guia, a aventura faz parte da rotina. Alex tem resistência de atleta. Ele conduz expedições ao parque de lava pelo menos três vezes por semana.

Mas o que será que se passa no coração da grande montanha? O Globo Repórter vai buscar a resposta no Parque Nacional dos Vulcões, onde está a cratera do Kilauea. É um dos principais pontos turísticos da ilha e onde fica a sede do observatório que monitora toda a atividade vulcânica do Havaí.

Logo na chegada, há uma fumacinha saindo. Não é ainda o gás do vulcão. É apenas um vapor, por causa do calor da lava, que vem do fundo a Terra. E o vapor é bem quente.

As pessoas costumam jogar uma moedinha. Deve ser algum tipo de superstição. É possível ver que está cheio de moeda lá embaixo.

A borda externa da chamada grande caldeira chega a ter seis quilômetros de largura. E, na paisagem, são raros os sinais de vida.

Em vários pontos, nuvens de vapor d'água misturadas a gazes tóxicos brotam das rochas. E lá longe, bem no meio, vemos apenas uma coluna de fumaça e a borda da cratera onde fica o lago de lava.

A temperatura da lava do Kilauea pode chegar a 1.150°C. Por segurança, visitantes são mantidos à distância. Tão longe que alguns turistas ficam desapontados por não conseguir ver a lava.

Na beirada, só mesmo os cientistas podem chegar. Há risco de desmoronamentos e é grande o volume de gases tóxicos. Mas seria seguro viver na base do vulcão?

Janet Baab é geóloga e integra uma equipe que estuda o Kilauea dia e noite. Ela explica que um vulcão dá sinais claros quando está para entrar em uma fase explosiva.

Para tranquilizar, Janet garante: atualmente, o Kilauea não oferece nenhum risco de explosão. Mas quem nunca esteve tão próximo de um vulcão ativo, fica impressionado só de imaginar a força e o poder de destruição do Kilauea.

Para os havaianos, este é um lugar sagrado. É a casa da deusa pele, a temperamental deusa dos vulcões, da criação e da destruição. Um grupo foi fazer uma homenagem à deusa.

Circular pela área do parque é se surpreender com os contrastes. Nas áreas intocadas pelas últimas erupções, o verde cobre toda a paisagem. Por onde a lava passou, o que se vê é um gigantesco deserto de pedras que guarda surpresas também no subterrâneo.

No começo da noite, a equipe visitou um túnel que foi esculpido pela lava. Apesar das luzes colocadas pela administração do parque, o lugar é muito escuro. Os tuneis são formados enquanto a lava abre caminho no subsolo.

O túnel tem mais de 60 quilômetros de extensão, mas apenas uma pequena parte está aberta ao público. No passado, a lava do Kilauea cobriu estradas, arruinou construções. Um dia, pode destruir toda ilha em uma grande explosão ou simplesmente adormecer.

Até lá, segue jorrando lava e fazendo a ilha crescer mar adentro. Aliás, não foi exatamente assim que tudo por lá começou?






Fonte: G1

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