Falta qualificação para preenchimento de vagas de pessoas com deficiência
Das 800 vagas destinadas às pessoas com deficiência, em São Carlos (SP), 152 ainda não foram preenchidas, segundo levantamento do Ministério Público do Trabalho (MPT). As empresas alegam que falta qualificação profissional. Já os candidatos acreditam que falta disposição das empresas em adaptar os locais de trabalho às necessidades deles.
As empresas com mais de 100 funcionários devem reservar vagas para deficientes físicos, de acordo com a lei. Em São Carlos, são 65 empresas e 28 cumprem a cota integral. As restantes cumprem somente parte da cota por dificuldades de qualificação.
Para o auxiliar de escritório Fábio de Lima, a maior barreira para encontrar uma vaga no mercado de trabalho não é a deficiência e sim a falta de preparação das empresas. “Pergunto onde será a entrevista, ai eu entro no lugar e observo que não é adaptado. É complicado”, relatou.
Qualificação
Os dados do MPT mostram que a situação também acontece em Rio Claro. Das 378 vagas destinadas a deficientes físicos, 151 continuam abertas, mas as empresas dizem que não conseguem encontrar candidatos.
Para o presidente da Associação Comercial e Industrial de Rio Claro (ACIRC), Antonio Carlos Beltrame a maioria das empresas está preparada, o que falta é capacitação profissional, além de uma série de outros fatores. “Depende da deficiência que a pessoa tem, depende da atividade que ele vai poder exercer, da vontade da família também de estar proporcionando isso para o deficiente, da acessibilidade do deficiente de chegar ao local de trabalho e a capacitação”, explicou.
Uma metalúrgica de Rio Claro, que tem 140 funcionários, precisaria contratar uma pessoa com algum tipo de deficiência, mas há dois anos a vaga está aberta. O emprego é para a área de fabricação e montagem de escapamentos para veículos.
A responsável pelo setor de recursos humanos Simone Hintze disse falta interesse por parte dos candidatos, porque a falta de qualificação não é um problema para a metalúrgica. “Nós estamos dispostos a capacitar sim e até treinar os funcionários para a convivência com essas pessoas, mas a dificuldade é que nós não conseguimos encontrar uma pessoa pelo meio de trabalho que nós desenvolvemos aqui”, contou.
O marceneiro Rogério Crioni, que sofreu um acidente vascular cerebral há quatros anos e perdeu parte dos movimentos da perna e da mão esquerda, está há muito tempo em busca de um emprego. Ele não vê nas empresas o interesse em se adaptar para receber um candidato com deficiência. “A gente é capaz de se adaptar a várias funções”, disse.
Para Rogério, a deficiência limita, mas não acaba com o sonho de estar empregado novamente. “Eu busco com empenho e com vontade”, relatou.
Penalidade
O gerente regional do Ministério Público do Trabalho, Antônio Valério Morillas Júnior, disse que a lei ajuda a inserção social, mas só ela não é suficiente. “Essa lei fixa a obrigatoriedade das empresas em contratar deficientes, acima de 1 mil empregados 5% das vagas devem ser preenchidas por deficientes. Caso não seja cumprido as empresas são chamadas no ministério para comprovar a contratação e um prazo é aberto para que ela possa contratar. Se isso não ocorrer ela sofre uma penalidade que varia de R$ 119 mil a R$ 1.191 milhão, além de serem denunciados podendo virar uma ação civil com penalidades maiores”, explicou
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