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Nacional
Quinta - 05 de Setembro de 2013 às 23:19

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A Corregedoria da Polícia Militar do Distrito Federal investiga seis membros da corporação por suposto crime militar relacionado ao desaparecimento de um homem de 32 anos, em Planaltina. Ele foi levado pelos policiais à delegacia e, depois disso, nunca mais foi visto. A instauração do inquérito – que corre em sigilo – só ocorreu 90 dias depois de a família registrar o desaparecimento.
Familiares do homem desaparecido após suposta ação policial exibem faixas e cartazes pedindo investigação do caso (Foto: Gabriella Julie/G1)Familiares do homem desaparecido após suposta ação policial exibem faixas e cartazes pedindo investigação do caso (Foto: Gabriella Julie/G1)

A investigação, a que o G1 teve acesso, indica que duas guarnições da PM abordaram Antônio de Araújo na madrugada do dia 27 de maio, em uma chácara do Núcleo Rural Córrego do Atoleiro, em Planaltina, por causa de uma suspeita de furto. De acordo com a Polícia Civil e com a família do desaparecido, a chácara pertence a um policial militar.

Meu irmão foi preso às 4h40 e teria chegado à delegacia às 5h20. Foram duas viaturas para prender meu irmão, mas apenas uma chegou à 31ª DP. Não acredito que meu irmão foi até a delegacia"
Maurício Araújo, irmão de Antônio Araújo

Conforme o documento da Corregedoria, os policiais militares – dois sargentos e quatro cabos – levaram o homem para 31ª delegacia de polícia, onde foi realizada a verificação de antecedentes criminais de Araújo. Sem nenhum crime ou investigação em aberto, ele foi liberado e desapareceu, indica o inquérito da PM.

Para o corregedor da Polícia Militar, coronel Civaldo Florêncio da Silva, o tempo para instauração do inquérito seguiu o procedimento normal. “Realizamos diligências primárias para formar a convicção de que há problema pontual. Ouvimos pessoas relacionadas ao fato antes da abertura do inquérito. É sempre assim que funciona”, explicou.

Segundo o coronel, a apuração da PM dura 60 dias após a abertura do inquérito. Os policiais envolvidos no caso não foram afastados. O policial militar dono da chácara não é, inicialmente, alvo da apuração, mas pode ser incluído no decorrer do processo, informa o corregedor.

Para a família, que registrou ocorrência de desaparecimento no dia 27 de maio, Antônio de Araújo foi assassinado. “Meu irmão foi preso às 4h40 e teria chegado à delegacia às 5h20. Foram duas viaturas para prender meu irmão, mas apenas uma chegou à 31ª DP. Não acredito que meu irmão foi até a delegacia”, disse Maurício de Araújo, irmão de Antônio Araújo.

A Polícia Civil investiga o caso por meio da Divisão de Repressão a Sequestro (DRS), após registro de ocorrência na 31ª delegacia de polícia. A principal hipótese para o delegado Leandro Ritt é de abandono do lar. Ele afirma que, apesar de não ter tido "comportamento de ladrão", Araújo era uma pessoa "desorientada" por causa do alcoolismo.

“Ele tem um quadro condizente com o das pessoas que desaparecem, que simplesmente desaparecem por vontade própria. É o abandono do lar. Quem sabe ele está perdido nesse mundo afora? Muito provavelmente. Uma pessoa alcóolatra sumir, ganhar o mundo, é muito comum. É o que mais você vê”, fala Ritt.

O diretor da Polícia Civil, Jorge Luiz Xavier, compartilha a opinião do delegado. “Parece que ele tinha algum distúrbio mental ou tendência a isso. A DRS, que está cuidando desse caso, já tentou de todo jeito. Já fizemos buscas nos IMLs da redondeza, para ver se o corpo dele apareceu em algum lugar e nada.”

Ele tem um quadro condizente com o das pessoas que desaparecem, que simplesmente desaparecem por vontade própria. É o abandono do lar. Quem sabe ele está perdido nesse mundo afora? Muito provavelmente. Uma pessoa alcóolatra sumir, ganhar o mundo, é muito comum. É o que mais você vê"
Leandro Ritt, delegado da 31ª DP

No dia 28 de agosto, Xavier disse ao G1 que ainda havia dúvidas de que Araújo tenha sido levado para a delegacia, apesar da investigação da PM e da confirmação de Ritt. “Não está claro isso. Embora exista essa declaração da família, isso não está claro, mas não foi descartado também. As viaturas aqui não têm GPS. Mas o caso dele, há grandes possibilidades de ser confusão mental e de que ele tenha saído andando por aí.”

“Nós não temos no Distrito Federal histórico de grupo de extermínio, enterrar o cadáver, fazer ‘micro-ondas’ [quando o corpo da vítima é carbonizado]”, afirmou. “Se tivesse isso, seria algo diferente. Já aconteceram casos de execução de pessoas, que depois os corpos apareceram e começou a investigação, mas a maior possibilidade é que ele tenha tido alguma confusão mental e desaparecido. Mas a gente não descarta nenhuma linha.”

A família confirma o quadro de alcoolismo, mas nega que Araújo tivesse motivos para desaparecer. “Nosso irmão tinha problema de alcoolismo, sim, ia muito ao hospital para tomar glicose. A última vez foi no dia 25 de maio, antes de ele desaparecer, mas era um cara tranquilo. Não tinha envolvimento com outras drogas nem problemas com a família ou outras pessoas. Não tinha nada que justificasse ele sumir”, afirma Maurício de Araújo.

Imagem de Antônio Araújo cedida pela família (Foto: TV Globo/Reprodução)


Imagem de Antônio Araújo cedida pela família
(Foto: TV Globo/Reprodução)

No dia 23 de agosto, cerca de 20 parentes de Araújo caminharam 13 quilômetros da Granja do Torto até o Tribunal de Justiça do DF para pedir esclarecimentos sobre o desaparecimento dele.

Amarildo
O caso do desaparecimento de Antônio de Araújo se assemelha ao do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, ocorrido em 14 de julho, na Rocinha, Zona Sul do Rio de Janeiro. Ele nunca mais foi visto após ter sido levado por policiais em um carro da PM do Rio.

Imagens de uma câmera de segurança registraram o ajudante de pedreiro entrando em um carro da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha.

A reconstituição do desaparecimento de Amarildo foi feita na última segunda-feira (2) e levou 16 horas. O trabalho será anexado à investigação sobre o sumiço do ajudante de pedreiro.





Fonte: Do G1

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