França diz que sanções contra a Rússia podem começar esta semana
O ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Laurent Fabius, disse hoje (11) que sanções contra a Rússia podem ser impostas ainda esta semana se Moscou não responder às propostas do Ocidente para resolver a crise na Ucrânia. "Nós enviamos, por intermédio de John Kerry [secretário de Estado norte-americano], uma proposta aos russos", disse o chefe da diplomacia francesa à Rádio France-Inter, indicando que ainda não chegou uma resposta.
"Eles ainda não responderam. Se responderem afirmativamente, John Kerry irá a Moscou e, a essa altura, as sanções não serão imediatas. Se ele não responder ou responder negativamente, haverá uma série de sanções que poderão ser aplicadas durante esta semana", acrescentou.
Nessa segunda-feira (10), o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, declarou que a Rússia rejeita o princípio do fato consumado que os ocidentais querem impor sobre a Ucrânia e vai apresentar propostas próprias para solucionar a crise.
"Nós preparamos as nossas próprias propostas. Elas visam a repor a situação no âmbito do direito internacional, tendo em conta os interesses de todos os ucranianos, sem exceção", disse Lavrov, citado pela agência russa Itar-Tass.
Lembrando que as propostas transmitidas por John Kerry não tinham agradado a Moscou, o chefe da diplomacia russa afastou a ideia de criação de um grupo de contato, sugerido pela chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente norte-americano, Barack Obama.
"Encontramos [nas propostas enviadas a Moscou] uma concepção que não parece convir-nos verdadeiramente, porque tudo que está formulado vai no sentido de um pretenso conflito entre a Rússia e a Ucrânia e, desse modo, do reconhecimento do fato consumado", sustentou Lavrov, segundo a Itar-Tass.
"Os nossos parceiros propunham que trabalhássemos a partir dessa situação, criada por um golpe de Estado", acrescentou.
Até agora, a Rússia recusou-se categoricamente a reconhecer qualquer legitimidade aos novos dirigentes da Ucrânia, que ascenderam ao poder após três meses de manifestações que levaram à deposição e fuga do presidente Viktor Ianukóvitch e deixaram uma centena de mortos em fevereiro.
O Kremlin lembrou que considera Ianukóvitch o presidente legítimo da Ucrânia, remetendo os ocidentais para os termos de um acordo assinado em 21 de fevereiro em Kiev, que fornecia uma saída para a crise negociada com um governo provisório e a realização de novas eleições.
Por seu lado, o Ocidente, liderado pelos Estados Unidos e pela Alemanha, tem apelado nos últimos dias ao presidente russo para que aceite a criação de um grupo para solucionar a crise ucraniana.
A Presidência norte-americana definiu, na sexta-feira (7), que se trata "de um grupo de contato que conduzirá o diálogo entre a Ucrânia e a Rússia para que haja uma inversão da escalada de violência e para que seja restaurada a integridade territorial da Ucrânia".
O Ocidente acusou a Rússia de um golpe de força na Crimeia, península separatista pró-Rússia do Sul da Ucrânia, que deverá votar no domingo (16) um referendo sobre a sua anexação à Rússia e cujo controle escapa, neste momento, às novas autoridades de Kiev.
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