Mato Grosso: as chuvas provocam temor na fase final de colheita
As incertezas provocadas pelas mudanças climáticas estão se acentuando cada vez mais e causando perdas inestimáveis na agricultura. Enquanto em São Paulo, Paraná e Minas Gerais a seca prejudica a formação de grãos nas lavouras de soja, no Mato Grosso o excesso de chuvas causa alagamentos e prejudica as operações de colheita da soja. Assim, as chuvas excessivas e as altas temperaturas no Mato Grosso trazem à cena um mal já conhecido pelos produtores: a ferrugem asiática que causa desfolha precoce. O aparecimento da ferrugem na fase final das lavouras representa um grande risco, pois em muitas propriedades as plantas se encontram na fase de enchimento dos grãos e as perdas das folhas podem acarretar diminuição da produtividade. Em Nova Mutum, região localizada a 258km de Cuiabá, uma nova tecnologia de monitoramento climático garante segurança fortalecendo o controle preventivo da doença e facilitando o planejamento das pulverizações dos produtos químicos. Uma tecnologia com sinal positivo que surge como luz no fim do túnel para os sojicultores que sofrem a ameaça da ferrugem.
O grupo Mutum Agrícola apostou para a safra 2013/2014 em uma plataforma tecnológica e disponibilizou 300 hectares dos seus 20.000 plantados para experimentar um sistema criado por uma empresa brasileira que monitora o micro clima das suas plantações. “Nos campos demonstrativos onde foi implementada a plataforma, obtivemos um controle mais eficaz da ferrugem mantendo as folhas verdes até o final do ciclo da soja, indicando que o processo de enchimento dos grãos não será comprometido, ou seja, sem perda de produtividade”, afirma o gerente de Operações da Olearys, Tiarê Balbi, acrescentando que nos talhões vizinhos nos quais foram adotados os calendários fixos de pulverização, as folhas estão amareladas comprometendo a produção dos grãos.
Na luta contra a ferrugem, o presidente do Grupo Mutum, Frederico Ribeiro Krakauer, está animado com os resultados. “Já investimos milhões em fungicidas desde que a ferrugem entrou no Mato Grosso, por isso resolvemos apostar em técnicas que nos dessem segurança para alcançar um melhor retorno econômico e que, ainda, promovesse uma maior sustentabilidade ambiental. Estamos satisfeitos com o projeto", afirma ele, completando que a expectativa é que a economia seja ainda maior na próxima safra.
A tecnologia desenvolvida é a plataforma Hemisphere, criada pela empresa brasileira Olearys, que através do monitoramento climático, transforma dados climáticos em conhecimento científico, trazendo inúmeros benefícios para o agricultor, como melhor controle da doença com redução do uso do agrotóxico, e, consequentemente aumento da produtividade.
“Em dois campos demonstrativos que já foram colhidos na fazenda Mutum comprovou a redução de 53% no uso de fungicidas em relação ao sistema convencional, tendo como resultado efetivo uma maior eficiência técnica, econômica e ambiental. Noscampos conduzido pelo sistema de previsão da ferrugem, nota-se visualmente a diferença na sanidade das plantas como um todo”, conclui Balbi.
Sobre a plataforma Hemisphere
A principal inovação da plataforma Hemisphere consiste na integração da estação meteorológica com um sistema de informática que coleta os dados ambientais no micro clima das lavouras de soja, transformando-as em coeficientes de risco que indicam se o clima está ou não favorável para a ocorrência da doença.
A plataforma dispõe de diversos aplicativos e funcionalidades para o produtor agrícola, que obtém o conhecimento científico pela internet, em tempo real, que recebe informações via SMS que através de uma senha acessa o sistema pela internet. Tais sistemas são a evolução da fitopatologia, contribuindo para a efetivação de práticas científicas que promovem o desenvolvimento sustentável da propriedade agrícola. Além da soja, a plataforma pode ser adaptada para culturas de tomate, batata, uva, trigo, maçã, folhosas, feijão, entre outras.
Além da eficiência técnica e a redução do custo na produção, a plataforma proporciona uma maior qualidade no alimento para o consumidor final, ou seja, a sociedade na ponta do processo também ganha com o processo. Além disso, a própria saúde do agricultor tem benefícios, já que ele reduz consideravelmente o manuseio do veneno.
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