Guarda Municipal e PM escoltam o trabalho de garis nas ruas do Rio

Guardas municipais e policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar (BPChoque) acompanham o trabalho de equipes da Comlurb nas ruas da Zona Sul e do Centro para garantir a limpeza das ruas. A medida foi tomada poucas horas depois do prefeito Eduardo Paes anunciar que uma empresa de segurança armada foi contratada para acompanhar os garis, após alguns trabalhadores que estão em greve proibirem os colegas de continuar com o serviço normalmente. A paralisação foi inciada no último sábado.

Na Avenida Presidente Vargas, a operação de limpeza começou por volta das 9h e ocupa meia pista lateral no sentido Praça da Bandeira, altura do Viaduto Trinta e Um de Março. Cerca de dez garis da Comlurb, acompanhados de PMs, estão no local com um caminhão para retirar as montanhas de lixo que estão na via. Os resíduos estão no meio da rua e foram colocados no local uma sinalização para alertar aos motoristas. O serviço de limpeza também já iniciou perto do Sambódromo.

No Largo do Machado, o lixo da feira de rua que aconteceu na terça-feira ainda está no bairro. Há também montanhas de lixo na Rua do Catete. Durante a madrugada, guardas municipais fizeram a escolta de três equipes da Comlurb para garantir a limpeza de ruas de Botafogo, na Zona Sul.Por volta de 1h desta quinta-feira, doze garis em três caminhões recolhiam os sacos de lixo na Rua Marquês de Olinda, em Botafogo. Dois carros da Guarda Municipal, com oito agentes, faziam a escolta e acompanhavam o trabalho.

Ainda assustados, sem se identificar alegando falta de segurança, alguns garis reclamaram da situação e reafirmaram que apoiam os colegas. Porém, com a decisão da prefeitura de demitir os grevistas, eles ficaram com medo e resolveram continuar nas ruas.

— Só gostaria de afirmar que a greve não acabou. Estamos trabalhando obrigados, pois seremos demitidos se pararmos. Nos mandaram para Botafogo, já que tinha muito lixo acumulado — disse um gari.

A tensão por trabalhar escoltado é compartilhada pelos outros trabalhadores.

— Não paramos e não queremos apanhar na rua. Apoiamos a greve, mas não tem como parar, já que existe a ameaça de demissão. Assim que a Guarda Municipal for embora, também iremos — relatou outro trabalhador da Comlurb.

Em nota, a Comlurb informou que a operação de coleta apresentou grande melhora em relação aos últimos dias. Nas gerências da Zona Sul, Norte e Centro, o efetivo compareceu quase integralmente e caminhões estão na rua realizando os serviços. Nestes lugares, a rotina de trabalho está sendo normalizada seguindo a programação do dia e em muitos não foi necessário o uso de escolta. Áreas como Centro, Lapa, Rio Comprido, São Cristóvão, Tijuca, Vila Isabel, Santa Teresa, Região Portuária, Campo Grande, Vigário Geral, Del Castilho, Copacabana, Botafogo estão com 100% de efetivo, veículos e equipamento nas ruas.

Ainda de acordo com a Comlurb, a prioridade é reforçar a coleta domiciliar nos pontos onde há maior acúmulo de lixo. Na Zona Oeste, ainda há algumas gerências com problemas na frequência de garis. No início desta manhã, incidentes foram registrados no Recreio dos Bandeirantes e Pedra de Guaratiba, com veículos quebrados que prejudicaram o trabalho programado para a região.

“A Companhia está fazendo todos os esforços para agilizar a limpeza e conta com a compreensão da população até que os serviços sejam totalmente normalizados, o que deve levar ainda alguns dias diante do volume de resíduos acumulado. O objetivo é atingir o quanto antes a excelência na prestação do serviço à cidade, que sempre foi e continua sendo a marca registrada da Comlurb”, diz a nota.

Manifestação na sede da Comlurb

Enquanto algumas ruas já recebem o serviço de limpeza, os garis voltaram a fazer uma manifestação nesta quinta-feira. Cerca de 100 pessoas estão reunidas em frente à sede da Comlurb, na Rua Major Ávila, na Tijuca. O tráfego é desviado pela Rua Benjamin Franklin, retornando para a Major Ávila em um trecho com trânsito liberado. Porém, a melhor opção é a Avenida Maracanã.

Com tom conciliador, o gari Renato Sorriso chegou à manifestação e disse que vai pedir ao prefeito para que não demita nenhum dos grevistas.

— Também sou gari, ganho igual aos meus colegas, e o que sou agradeço a todos, mas peço que não haja agressões físicas. Sou amigo de vocês (garis) estou pedindo para que deixem trabalhar quem quiser trabalhar — disse sorriso, que foi hostilizado por alguns grevistas. Eles reclamam da ausência dele no movimento.

Policiais militares estão posicionados em frente à porta principal da sede do órgão. Integrantes da Comissão de Direitos Humanos, da Ordem dos Advogados Brasil, também estão na manifestação. O vice-presidente da comissão, o advogado Anderson Bussiger, disse que tem recebido denúncias de coação cometida contra os garis, principalmente, por parte da Polícia Militar.

— Viemos ouvir o que os garis estão nos falando. Vamos apurar abusos e nos colocar como mediadores. O direito de greve é constitucional e quando não há um sindicato à frente do movimento, a lei permite que a negociação seja feita com comissões — disse Bussiger.

Confusão

Na quarta-feira, foram registrados alguns conflitos entre os trabalhadores da Comlurb. Em um deles, em Ipanema, Zona Sul, três garis grevistas foram presos acusados de tentar proibir os colegas de continuarem trabalhando. Eles foram levados para a 12ª DP (Copacabana).

À noite, após se reunir com o defensor público geral do estado, Nilson Bruno Filho, Eduardo Paes anunciou a contratação de um empresa de segurança para acompanhar cerca de 300 equipes da Comlurb para recolher o lixo acumulado pelas ruas da cidade.

Paes também disse que revogará as 300 demissões de garis que aderiram à greve, desde que profissionais voltem ao trabalho a partir desta quinta-feira. Se mostrando muito revoltado, o prefeito chegou a chamar o grupo de grevistas de delinquentes e marginais.