Presidente da Ucrânia denuncia ‘golpe de estado’, diz agência russa
O presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, denunciou neste sábado (22) ser vítima de um “golpe de Estado” em uma entrevista a uma emissora de TV ucraniana, segundo a agência russa Interfax.
“Os eventos testemunhados por nosso país e todo o mundo são um exemplo de um golpe Estado”, disse o presidente, segundo a Reuters.
Yanukovich também disse que não tem a intenção de renunciar nem de deixar o país, como disseram líderes da oposição. Ele ainda afirmou que todas as decisões tomadas pelo Parlamento neste sábado – inclusive a libertação imediata da líder oposicionista Yulia Tymoshenko – são ilegais.
O presidente ainda comparou a situação na Ucrânia com a tomada do poder pelos nazistas na Alemanha na década de 1930.
Na mesma entrevista, Yanukovich chamou os oposicionistas de “gângsters” e disse que não irá negociar com eles.
Yanukovich deixou Kiev neste sábado e seguiu para paradeiro desconhecido. O presidente não divulgou onde está, mas disse que vai permanecer no sudeste da Ucrânia.
Ganna German, uma de suas colaboradoras, disse que Yanukovytch está em Jarkiv, cidade do leste da Ucrânia, segundo a AFP. "O presidente cumpre com suas funções constitucionais. Vai falar hoje pela televisão em Jarkiv", disse.
Com sua ausência da capital, sua casa, escritório e outros prédios do governo foram tomados pela oposição.
Um acordo entre assinado entre Yanukovich e os líderes da oposição nesta sexta-feira (21) determinou a realização de eleições presidenciais antecipadas no país e a volta à Constituição de 2004, que reduz os poderes presidenciais. O acordo também prevê a formação de um "governo de unidade", em uma tentativa de solucionar a violenta crise política.
As Forças Armadas anunciaram em um comunicado que não irão se envolver na crise política.
Escritório tomado
Com sua ausência da capital, manifestantes tomaram o gabinete do presidente.
O manifestante Ostap Kryvdyk, que se descrevia como um comandante do protesto, afirmou que alguns membros do grupo entraram nos escritórios, mas não houve saques. "Vamos guardar o edifício até que o próximo presidente venha", afirmou ele à Reuters. "Yanukovich nunca voltará."
A residência do presidente fora de Kiev está sendo guardada por milícias de "autodefesa" formadas por manifestantes. Centenas de pessoas entraram no terreno, mas não no prédio.
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