Dilma pede ao papa mensagem para 'Copa contra o racismo'
A presidente Dilma Rousseff pediu ao papa uma mensagem contra o preconceito, para ser associada aos esforços do governo em fazer o que ela chamou de "Uma Copa pela Paz e uma Copa contra o racismo".
"Eu vim convidá-lo (para a Copa) e pedir uma mensagem dele sobre esse posicionamento", disse ela a jornalistas após a audiência de cerca de 40 minutos com o pontífice na Sala Paulo 6º no Vaticano, no início da noite desta sexta-feira.
Ela disse acreditar que o papa não deve vir à Copa, mas que deve enviar a mensagem. "Ele tem todo esse compromisso com a questão da paz entre os povos e da luta contra o preconceito, e se mostrou bastante interessado".
Após o encontro, o pontífice recebeu membros da comitiva presidencial, e trocou presentes com Dilma.
Ela deu a ele uma camiseta da seleção com dedicatória de Pelé, uma bola com dedicatória de Ronaldo "Fenômeno" e uma coleção de livros sobre a história dos jesuítas no Brasil, em "um reconhecimento da importância dos jesuítas na formação do Brasil".
Em troca, recebeu do papa "um terço, uma imagem do anjo da paz e uma medalha para minha filha".
Bem-humorada, ela contou que, ao falar sobre a Copa, pediu ao papa "que a neutralidade fosse mantida, por parte do santo padre, e que a mão de Deus não empurasse a bola de ninguém".
Terceiro encontro
Esste foi o terceiro encontro da presidente com o papa em menos de um ano. Dilma foi a primeira chefe de Estado recebida por Francisco no Vaticano, logo que assumiu o papado, em março de 2013. Depois ela recebeu o papa na chegada deste ao Brasil para o Encontro Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, em julho.
O presidente anterior, Luis Inácio Lula da Silva, que tinha, historicamente, uma relação bem mais próxima com a Igreja Católica, se encontrou duas vezes com o papa em oito anos de mandato (em 2007, na vista de Bento 16 ao Brasil, e em 2008, em visita ao Vaticano).
A presidente chegou a Roma nesta sexta-feira por volta do meio-dia (hora local, 08h00 em Brasília) e passou a tarde descansando na residência oficial da Embaixada brasileira em Roma, o Palazzo Panphilj, onde está hospedada.
Apesar de ser um suntuoso e histórico palácio, inaugurado em 1650, o complexo localizado na Piazza Navona é uma opção bem mais modesta do que o hotel cinco estrelas Westin Excelsior, usado pela presidenta e sua comitiva na sua passagem por Roma em março de 2013, para seu primeiro encontro com o papa Francisco, logo que este assumiu o papado.
Na ocasião, Dilma e sua comitiva teriam gastado, segundo relatos na imprensa, o equivalente a R$ 324 milhões, provocando duras críticas da oposição.
No sábado pela manhã, Dilma acompanha a consagração como cardeal do arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani Tempesta, no Consistório para Criação de Novos Cardeais.
Segundo representantes do governo, Dilma tem uma relação "próxima" com Dom Orani, e sua presença na cerimônia seria um dos principais motivos para esta passagem por Roma.
Ainda no sábado poderá ocorrer o encontro com o presidente da Itália, Giorgio Napolitano, cancelado na sexta-feira por "dificuldades de agenda".
A Itália está sem governo desde a renúncia do primeiro-ministro Enrico Letto, há uma semanana, e Napolitano pediu que o líder do partido Democrático, o prefeito de Florença, Matteo Renzi, formasse um novo governo.
A expectativa era de que Renzi poderia chegar a um acordo de coalizão com partidos menores nesses dias, e, neste caso, caberia ao presidente, Napolitano, a confirmação de Renzi como novo primeiro-ministro e o anúncio de um novo governo.
Nesta situação, o próprio governo brasileiro sabia que a prioridade de Napolitano seria a confirmação do novo governo do país, em detrimento do encontro com Dilma.
Dilma disse após o encontro com papa que "amanhã (sãbado) tudo indica que vai ser formado novo governo (na Itália), então as possibilidades de agenda do presidente não estão abertas".
Domingo ela segue para Bruxelas, onde participa da sétima Cúpula Brasil-União Europeia.
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