Para Jefferson, renúncia de Azeredo mostra diferença entre PT e PSDB
O ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), delator do mensalão, comentou nesta quinta-feira (20) no seu blog na internet a renúncia do ex-deputado Eduardo Azeredo (PSDB-MG) e afirmou que "nesse ponto tucanos se diferenciam dos petistas".
A carta de renúncia de Azeredo foi lida na tarde desta quarta-feira (19) no plenário da Câmara, depois de o documento ter sido entregue ao presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) por Renato Azeredo, filho do ex-parlamentar.
A renúncia foi motivada pelas acusações da Procuradoria-Geral da República de que o ex-deputado se beneficiou do esquema do chamado "mensalão mineiro", que teria desviado recursos públicos e utilizado doações ilegais para a campanha de Azeredo a governador de Minas Gerais em 1998.
"Pressionado ou não, com a renúncia Azeredo impediu que seu partido, o PSDB, ficasse sangrando em praça pública. Neste ponto, os tucanos se diferenciam dos petistas, que não se importam em perder capital político pra defender os seus", publicou Jefferson, condenado no processo do mensalão a sete anos e 14 dias de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Jefferson afirmou ainda que Azeredo, ao renunciar, "abdicou" do mandato que poderia ser usado como "escudo" para se defender das acusações. Segundo o delator do mensalão, a atitude de Azeredo é diferente da de "alguns", que, de acordo com ele "teimaram", em manter o mandato.
"Acuado, pediu pra sair, abdicando do uso do mandato como escudo pra se defender das acusações, como alguns teimaram em fazer, constrangendo os colegas, a instituição e ministros do Supremo", disse Jefferson no blog.
O ex-deputado fez ainda uma ironia com a frase do jornalista e escritor Otto Lara Resende, segundo quem "mineiro só é solidário no câncer". Jefferson afirmou que "mineiro não é solidário nem no câncer". "Tá explicado [a renúncia]", completou.
'Manobra'
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso afirmou nesta quarta-feira (19) que vai avaliar se a renúncia de Azeredo foi uma "manobra" para tentar atrasar o julgamento do processo do valerioduto tucano. Barroso é relator do processo no STF.
Com a renúncia, Azeredo deixaria, em tese, de ter o caso julgado no Supremo, única instância onde podem ser processadas e julgadas criminalmente autoridades com foro privilegiado, como parlamentares, por exemplo.
PGR
No dia 7 deste mês, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) documento com as alegações finais do processo do mensalão mineiro no qual sugere a condenação de Azeredo a 22 anos de prisão pelos crimes de peculato e lavagem de dinheiro.
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